Minas Gerais tem o primeiro certificado de ovos caipiras, no Norte do estado

Publicado em 23/12/2022 10:28
Emater-MG participou de todo processo conduzido pelo IMA, órgão certificador estadual

Uma granja em Bocaiuva, no Norte de Minas Gerais, é a primeira agroindústria familiar no estado a obter o certificado  de produtora de ovos caipira concedido à propriedade pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O próximo passo será também a conclusão do registro do entreposto de ovos, local onde eles são selecionados, classificados, embalados, rotulados e encaminhados para a comercialização. O documento, igualmente emitido pelo IMA, ainda passa por pequenos reajustes. Todos os dois processos tiveram a participação da Emater-MG. A empresa mineira de assistência técnica e extensão rural e o Instituto Mineiro de Agropecuária são vinculados à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

A certificação e o registro da granja é uma atribuição do Certifica Minas Ovo Caipira. O programa, do governo estadual,  foi criado para promover a adoção de práticas sustentáveis de rastreabilidade e de qualificação do ovo de galinha caipira. “É a grande tendência do mercado atual. Em Minas Gerais, esse tipo de produção vem aumentando, conforme a exigência dos consumidores”, destaca a coordenadora técnica estadual de Agroindústria da Emater-MG, Thaís Kalil. Segundo a coordenadora, entre os benefícios do programa estão o respeito ao bem-estar das aves; o acompanhamento da produção, da origem até o produto final; além da possibilidade de ampliação para novos mercados e a credibilidade junto aos consumidores.

Thaís Kalil ressaltou ainda que, a certificação da propriedade é uma espécie de autorização para o produtor usar a denominação “caipira” no rótulo, o que agrega valor ao produto. Sobre o papel da Emater-MG no trabalho de certificação e registro do entreposto de ovos,  Thaís ressaltou na certificação, o acompanhamento da aplicação do checklist do IMA, elaboração de memorial descritivo (estrutura e funcionamento da granja) e a assistência técnica. Para o registro do entreposto, a empresa fez a planta baixa e memorial descritivo econômico, sanitário e de construção, além da rotulagem e  capacitação.

O empreendimento em questão é a Avicultura Sítio do Bunito, localizada numa propriedade rural de 9,6 hectares. A granja tem 4 mil galinhas caipiras poedeiras e produção diária de 334 dúzias de ovos. O proprietário é João Bispo da Silva. O trabalho conta com a mão de obra do irmão e da cunhada dele. Eventualmente tem a participação paga de pessoas fora do núcleo familiar.

Investimento

Bispo iniciou a atividade há cerca de três anos com pouco mais de mil aves, aproveitando  dois galpões no sítio, um onde cultivava hortaliças no sistema hidropônico e outro onde pensou em montar uma marcenaria. Mesmo com os investimentos que teve de fazer para se adequar às normas de certificação e registros do IMA, o produtor não reclama e tem expectativa positiva de ter uma maior valorização do seu produto e mais expansão na comercialização.

“É muito bom ser a primeira avicultura certificada de ovos caipiras do Norte de Minas e do estado como um todo. E isso foi graças aos técnicos da Emater e do IMA. Com a certificação a gente consegue mais cliente e têm muitos que são exigentes. Valoriza né”,  conclui João Bispo.  Segundo ele, atualmente os ovos são comercializados principalmente em Montes Claros, mas são vendidos também para Bocaiuva, Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem.

A coordenadora de Bem-estar Social da unidade regional da Emater-MG de Montes Claros, Beatriz Cristina Batista, comemora a primeira certificação de ovos caipiras na região. Segundo ela, os consumidores do Norte mineiro apreciam muito o produto que geralmente é encontrado nas feiras livres, mas em pequenas quantidades. Para Beatriz, os custos da certificação compensam pelos potenciais bons resultados.  “A certificação do ovo caipira tem tudo para ampliar os pontos de comercialização. Se o produtor tiver uma boa produção. Acredito que a experiência em Bocaiuva vai incentivar outros agricultores familiares interessados em ampliar novos mercados de ovos caipiras”, diz.  

A extensionista de Bem-estar Social da Emater-MG, Fernanda Maria Lima, também admite que todo o investimento para a certificação e registro vale a pena, pois engrandece o produto, no mercado consumidor. No entanto, a técnica ressalta a importância de uma gestão eficiente para gerar bons resultados. “Sim, é preciso colocar dinheiro para adequar as estruturas, junto ao órgão certificador (IMA),  mas não está faltando mercado pra vender ovos caipira, Costumo dizer que compensa muito, se tiver uma boa gestão. Uma gestão eficiente vale a pena, tem retorno”, garante.

Fernanda Maria integra a equipe técnica do escritório local da Emater-MG, em Bocaiuva,  que trabalhou nos processos de certificação e registro da granja e agora acompanha a última etapa, com o registro definitivo do entreposto de ovos caipira, pelo Instituto Mineiro de Agricultura.

Ovos caipira e convencional

A principal diferença entre o ovo caipira e o ovo convencional é a maneira de viver das galinhas e a sua alimentação. As galinhas de ovos caipira são soltas e possuem um grande espaço para abrir as asas, saltar e ciscar. Elas são recolhidas somente à noite. A coordenadora técnica estadual de Pequenos Animais da Emater-MG, Márcia Portugal,  explica que o ovo caipira é aquele originado da galinha criada no sistema caipira, que é diferente da galinha criada no sistema convencional.

“A galinha caipira é livre para pastejar. Ela tem acessos a piquetes para tomar sol, comer insetos, moluscos. Se o produtor não tiver um pasto, formado por gramíneas, ele vai fornecer restos de verduras e capim picado, por exemplo. Ela é livre de gaiolas ou só presa em galpões. Já a galinha convencional é criada só presa em galpões ou em gaiolas. Agora,  todas as duas vão receber ração balanceada. O diferencial é esse: a caipira,  além da ração,  ela tem uma alimentação alternativa. Gosto de frisar também, a importância do bem-estar animal. Por isso as galinhas caipiras são consideradas mais felizes”, argumenta.
 

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Fonte:
Emater/MG

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