Setor produtivo estima duplicar volume de exportação de carne suína
O status alcançado pelo Paraná de área livre da febre aftosa sem vacinação encerrou uma batalha de mais de 50 anos de todo o setor agropecuário do Estado e abre perspectivas para aumentar a exportação de carnes bovinas e até duplicar a de suínos. Alcançar esse status fez parte das promessas de campanha do governador Carlos Massa Ratinho Júnior. A conquista foi sacramentada nesta quinta-feira (27) com a emissão por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) do certificado internacional. A cerimônia ocorreu de forma virtual, durante a 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, em Paris, na França.
Alcançar a chancela que possibilita ao Paraná ganhar ainda mais destaque no mercado internacional de proteína animal virou uma das prioridades da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento e foi amplamente difundida durante a simbólica mudança da sede administrativa do governo para Londrina, em abril de 2019. “Ali ele (governador Ratinho Júnior) prometeu ao setor que faria de tudo para livrar o Paraná da vacinação contra a aftosa. Deu sustentação política a um movimento técnico de anos”, confidenciou o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira no Palácio Iguaçu, o governador classificou o feito como o “maior anúncio para o agronegócio paranaense em 50 anos”. Vai garantir, destacou ele, um impulso econômico sem precedentes para o Estado. “Vamos poder vender carne para mercados que até então não falavam com o Paraná. Atualmente, não temos negócio com 65% dos países. Esse comércio vai significar bilhões de dólares injetados na economia, gerando cada vez mais emprego e renda para os paranaenses”, disse.
Ratinho Junior destacou que o setor já está se movimentando para alcançar novos compradores. Citou o anúncio recente de investimentos de indústrias e cooperativas como JBS, LAR e Frimesa, entre outros, na construção e ampliação de plantas em diferentes regiões do Estado. “Chegamos ao mais alto grau de qualidade sanitária do planeta, com a garantia de segurança alimentar. Agora todo mundo que quiser falar de comida, terá necessariamente de falar com o Paraná”, destacou o governador.
“A certificação é vitória de várias pessoas, públicas ou não, e construída por várias mãos. Há relatos de que a movimentação tenha começado em 1958. Eu tive a honra de poder anunciar a conquista, um prêmio para todo o agronegócio do Paraná”, acrescentou.
Vice-presidente do Sindicato da Indústria da Carne e Derivados do Estado do Paraná e diretor executivo da Frimesa, Elias Zidek confirmou que a indústria já está prospectando negócios no Japão, um dos tantos países que não compravam a carne paranaense em virtude da vacinação do gado. “Vejo com muito entusiasmo essa movimentação. Vai ativar toda a cadeia produtiva. Estimo que até o fim do ano que vem possamos alcançar a marca de 200 mil toneladas de carne suína exportada – atualmente ela é de 110 mil toneladas. Esse é o dia mais feliz da minha vida profissional”, afirmou o executivo.
SETOR PRODUTIVO – Impressão compartilhada por todo o setor produtivo do Estado. “Se aumentarmos em 2% o mercado comprador, batemos na casa das 200 mil toneladas de carne suína exportada. Isso vai significar cerca de 1,2 milhão de porcos”, comentou José Roberto Ricken, presidente-executivo do Sistema Ocepar, que congrega as cooperativas do Estado.
É justamente na carne suína que o colegiado espera alcançar maior êxito com a chancela internacional – o Paraná conquistou, também OIE, o status de zona livre de peste suína clássica independente. No ano passado, por exemplo, foram produzidas no Paraná 936 mil toneladas de carne suína, aumento de 11,1% comparativamente a 2019. Rendimento que garante a vice-liderança no setor, atrás apenas de Santa Catarina, responsável por 29% do total nacional – produziu 1,3 milhão de toneladas de um total de 4,5 milhões de toneladas.
“É a coroação de mais de 50 anos de trabalho. Ao romper essa barreira sanitária, abrimos o mercado internacional para carnes bovinas e suínas, mas também para as aves, piscicultura e produtos lácteos. Entraremos em mercados mais valorizados e esse dinheiro vai circular na economia paranaense”, destacou o presidente da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ágide Meneguette. “Serão ganhos efetivos e desenvolvimento para o nosso Estado. Atrai o investimento e melhora a renda das famílias, especialmente naquelas pequenas propriedades que são a base do Paraná”, completou Marcos Brambilla, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Paraná (Fetaep)
HOMENAGENS – Durante o evento no Palácio Iguaçu, o governador Carlos Massa Ratinho Junior entregou uma placa comemorativa ao presidente do Fundo de Desenvolvimento da Agropecuária do Paraná (Fundepec), Ronei Volpi. Ele foi um dos principais articuladores da conquista internacional.
Ainda na cerimônia foi feito um minuto de silêncio como forma de homenagear o ex-governador do Paraná Jaime Lerner, que faleceu nesta quinta-feira.
PRESENÇAS – Participaram da cerimônia o vice-governador Darci Piana; o secretário de Estado da Comunicação Social e Cultura, João Debiasi; os deputados federais Sérgio Souza e Aline Sleutjes; o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano; os deputados estaduais Elio Rush e Anibelli Neto; o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Fernando Moraes; o superintendente estadual do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cleverson Freitas; o ex-secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná e assessor da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Antônio Poloni; e o diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir César Martins.
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