Frango e o poder de compra do milho: o menor em mais de uma década
A evolução da capacidade de compra do frango em relação ao milho (sacas de milho adquiríveis com uma tonelada de frango vivo) em pouco mais de 10 anos, isto é, desde janeiro de 2011 registrou em 2016 perda da capacidade aquisitiva ainda maior que aquela que vem sendo experimentada em 2021.
Porém, devagar com as conclusões, porque a situação atual é bastante diferente das observadas anteriormente, no decorrer da década passada. Capacidade de compra similarmente baixa quanto à presente (48,91 sacas de milho por tonelada de frango vivo) foi observada não só em 2016 (em maio daquele ano, 46,62 sacas/tonelada de frango vivo), mas também em janeiro de 2012 (50,24 sacas/tonelada de frango vivo).
Mas essas e outras situações muito próximas já registradas foram decorrência de atrasos ou de quebra da safra de milho. E o mais destacável é que foram pontuais, não persistiram por mais de um mês – fato que o gráfico deixa bem claro.
Em 2012, por exemplo, o poder médio de compra do ano (67,15 sacas/tonelada de frango vivo) foi um terço maior que o registrado em janeiro. E quase 75% superior no mês de dezembro (87,68 sacas/t).
O quadro não foi muito diferente em 2016 – até o ano retrasado, o pior exercício enfrentado pela avicultura, pois implicou no fechamento de muitas empresas, forçando as sobreviventes a uma compulsória redução de produção – pois a despeito da baixa capacidade de compra registrada no mês de maio (46,42 sacas/t), a média do ano (62,46 sacas/t) foi, também, cerca de um terço superior.
A despeito dos altos e baixos entre uma safra e outra, na média dos nove anos decorridos entre 2011 e 2019 o produtor do frango adquiriu, em média, perto de 76 sacas de milho com a venda de uma tonelada de frango vivo. Mas isso se rompeu em 2020, quando a média do ano recuou mais de 20% e o poder de compra ficou limitado a 60 sacas/t.
Não era, infelizmente, o limite. Pois bastaram apenas três meses para que em 2021 essa média sofresse nova queda, ficando pela primeira vez abaixo das 50 sacas/t, quase 35% a menos que o registrado na média 2011/2019.
O pior é que não há qualquer indicação de que esse quadro venha a se reverter. Ao contrário, pode se agravar frente à demanda internacional – ainda que prevaleça a expectativa de novo recorde de safra.
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