Análise da ABCS traz perspectivas de mercado de suínos para 2021
O ano de 2020 foi marcado por recordes históricos de exportações e de preço da carne suína em todo o Brasil. Já o primeiro trimestre de 2021, apresenta um cenário diferente e menos animador, que segundo o consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, já era esperado em decorrência da retirada do auxílio emergencial e da sazonal retração das exportações no início do ano. Em uma reunião entre as associações do Sistema ABCS, Machado explicou qual é o cenário econômico atual e quais são as perspectivas para a suinocultura nos três primeiros meses deste ano, levando em consideração a alta dos custos de produção e a queda nos preços do suíno vivo.
Segundo ele, tradicionalmente entre os meses de janeiro e março, a demanda de exportações para a China cai. “Para janeiro esperamos exportar um volume de 56 a 60 mil toneladas para a China. Porém, a queda no volume de exportações ganha um impacto ainda maior no atual cenário, pois se junta a retirada do auxílio emergencial que estava injetando milhões na economia, principalmente no mercado alimentício, e é agravado pela segunda onda de COVID-19, pois mesmo com a chegada da vacina, a imunização ainda é insignificante no Brasil e a retomada econômica definitiva só irá ocorrer com a vacinação em massa. Além disso, outro fator relevante no mercado interno é o preço elevado da carne bovina, que segundo o consultor passou a ser vista como um artigo de luxo, abrindo uma janela de oportunidade para o consumo de carne suína pelo custo-benefício.
Iuri alerta que é preciso mais do que nunca investir no consumo interno e no mercado doméstico, pois é o maior destino da produção suinícola brasileira, principalmente em decorrência do movimento de aumento na produção que no ano passado indica que deverá passar de 7% em relação a 2019 (números ainda não fechados) e que neste ano deverá girar entre 3,5 e 5%. Além do mercado interno, ele chama a atenção para o mercado do sudeste asiático, o que inclui o Vietnan que, no ano passado, esteve entre os maiores consumidores da carne suína brasileira. Dados do Rabobank indicam que a China reduza o volume de importações de carne suína devido a recuperação da PSA, assim como os Estados Unidos e a União Europeia tendem a reduzir os embarques para o gigante asiáticos. Isso pode significar um equilíbrio e o Brasil deve manter e até aumentar a média de exportações para a China ao longo do ano. Resta conquistarmos outros grandes mercados importadores como Japão, México e Coreia do Sul que ainda compram pouca ou quase nenhuma carne suína brasileira.
Quanto ao mercado de grãos, os preços do milho e da soja causam preocupações. “Nos últimos dias houve uma queda no valor do milho, mas a alta contínua a níveis históricos. A soja também está com a demanda muito elevada no mercado interno e externo. Precisamos acompanhar o clima, o desenvolvimento das safras, o dólar, as exportações e, principalmente a vacinação contra a COVID-19 daqui para a frente” conclui.
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