Analistas acreditam em menor importação chinesa de carne suína em 2021, inclusive a brasileira

Publicado em 08/12/2020 10:34 e atualizado em 08/12/2020 15:03
Recomposição dos plantéis suínos no gigante asiático, somada ao endurecimento nas regras sanitárias para a entrada de cargas frias importadas devem reduzir importações

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A importação de proteínas animais pela China no ano de 2021 deve cair, conforme explica o trader do Ramax Group, alocado na China, Gabriel de Freitas. Entretanto, o tamanho da retração ainda é uma incógnita, segundo ele, que atribui a dificuldade em assegurar um número de recuo pela crise da pandemia do Coronavírus. 

Quando se fala especificamente na proteína suína, a preferida da população chinesa, e que se viu com quase metade do plantel reduzido após surtos de Peste Suína Africana (que iniciaram em meados de 2018), a redução é certeira. Conforme informações da Bloomberg, as importações da proteína sunícola pela China deve cair em até 30% no ano que vem, dado apondado à publicação por  Pan Chenjun, analista sênior de pecuária do Rabobank.

Uma das razões, além da recomposição dos plantéis, é o endurecimento dos procedimentos de testes para detecção de traços do coronavívus em embalagens de carnes importadas em cargas frias, o que pode levar importadores a adquirir menores quantidades, conforme Lin Guofa, analista sênior do Bric Agriculture Group, em entrevista à Bloomberg.

(Vídeos enviados por Gabriel de Freitas)

+ China diz que produtos alimentícios importados da cadeia de frio precisam de relatório de teste para detecção do coronavírus

"Os chineses têm importado animais vivos de outros países com boa qualidade genética para as granjas afim de ter uma boa produtividade de carne. Hoje, o foco em big data, tecnologia e segurança na criação é muito diferente de antes da crise da PSA", afirma. 

De acordo com Freitas, a China espera atingir 98% em autossuficiência em produção de carne suína, e hoje está em torno de 93% a 95%. Um dos exemplos foi retratado pela Reuters, mostrando o gigante complexo industrial da produtora de suínos Muyuan Foods.

fazenda suínos china granja

"A nova mega fazenda de Muyuan perto de Nanyang, que eventualmente abrigará 84.000 matrizes e seus descendentes, é de longe a maior do mundo, cerca de 10 vezes o tamanho de um criadouro típico dos Estados Unidos. Tem como objetivo produzir cerca de 2,1 milhões de suínos por ano. Se funcionar como planejado - e outros produtores seguirem o exemplo -, o maior consumidor de carne suína do mundo poderá reduzir as compras no mercado global, prejudicando o comércio de carne em expansão que tem apoiado os produtores de todo o mundo", apontou a Reuters.

+ Reuters: Com muito dinheiro, produtor chinês de suínos constrói a maior fazenda de suínos do mundo

Atualmente, a Europa é o maior fornecedor de carne suína ao gigante asiático, seguida dos Estados Unidos e do Brasil. Freitas afirma que o Brasil já não tem mais um market share alto na China, e após a vanços no acordo comercial entre China e Estados Unidos, da agressividade dos preços europeus, somada ao país asiático querendo menor preço, o Brasil deve sentir os impactos.

"Na verdade, já está sentindo uma redução no apetite chinês pelas compras e por um preço bem menor. Com a expectativa de recuo no dólar, isso pode apertar mais ainda a situação dos frigoríficos brasileiros", diz Freitas.

O analista de mercado da Agrifatto Consultoria, Yago Travagini, analisa a diminuição no ritmo das exportações de carne suína brasileira na primeira semana de dezembro em comparação com a última semana de novembro como uma  "aquietação chinesa assim como aconteceu na carne bovina".

"Eles (China) preencheram a necessidade de consumo para o ano novo chinês, e agora começam a reduzir a necessidade de compra, pois não há uma demanda interna solicitando tamanho volume, mas ainda assim, os números são relativamente bons", afirmou Travagini.

+ Exportação de carne suína na 1ª semana de dezembro recua com aquietação chinesa, diz analista

PREÇOS DA PROTEÍNA NA CHINA

Segundo Gabriel de Freitas, o mercado futuro para a carne suína na China para dezembro/20 e janeiro/21, na comparação com novembro/20 teve considerável recuo. Segundo informações da Bloomberg, epois de disparar no ano passado, quando os surtos de peste suína africana reduziram a produção da carne mais popular do país, os preços da carne suína diminuíram gradualmente nos últimos meses, eventualmente caindo em outubro pela primeira vez desde 2019. Conforme apontado pela Bloomberg, a queda nos custos da carne suína e preços mais amplos ao consumidor provavelmente serão temporários. 

"Faz bastante tempo que a China não leiloa estoques estatais para regular os preços da proteína suína no mercado interno porque o preço está bem baixo. Entretanto, esses preços começaram a aumentar nas últimas semanas, porque o mercado doméstico está com medo do produto congelado, dando preferência para a carne suína de produção nacional. Pode ser que o Estado libere carga novamente antes do ano Novo Chinês para que a população possa comprar com preço melhor", disse.

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Tags:
Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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