Crise de custo enfrentada pela indústria do frango já é pior que a de 2016
À primeira vista, a pior crise de custos enfrentada pela avicultura foi a de 2016, ocasião em que o País conviveu com forte quebra na safra de milho (66,5 milhões/t, redução de mais de 20% sobre o ano anterior). Naquele exercício, o nutriente básico da alimentação do frango rompeu todos os recordes anteriores de preço, chegando a ser comercializado por valor (R$53,86/saca em maio de 2016) mais de 100% superior ao do mesmo mês do ano anterior.
Em 2020, pelo terceiro ano consecutivo, o País registra recorde de safra – 102,5 milhões/t nas estimativas da CONAB – e atinge volume mais de 50% superior ao de 2016. Mas – é surpreendente constatar – a crise atual é pior que a de quatro anos atrás.
Analisando-se a relação de preços entre frango e milho nesses dois críticos exercícios (gráfico abaixo), observa-se, curiosamente, que até julho passado o frango abatido manteve, em relação ao milho, praticamente o mesmo poder de compra de idêntico período de 2016. Ou seja: nesses dois anos, na média do período janeiro/julho, foi possível adquirir pouco mais de 4,4 toneladas de milho com uma tonelada de frango abatido.
Mas a partir de agosto essa paridade foi totalmente rompida – ainda que o frango abatido venha recuperando preços. Quer dizer: frente aos aumentos do frango, os do milho foram bastante superiores.
Naturalmente, desde junho passado – quando começou a recuperação de preços do frango abatido – seu poder de compra permanece acima do registrado no bimestre abril/maio, ocasião em que sua capacidade aquisitiva retrocedeu a um dos mais baixos níveis deste século. Porém, no trimestre agosto/outubro ela se encontra bem abaixo da registrada em idêntico período de 2016.
Resumo da história: naquela histórica crise de custos de 2016, uma tonelada de frango abatido possibilitou adquirir, aproximadamente, 5,1 toneladas de milho. Já neste ano, entre janeiro e outubro o volume adquirível recuou para cerca de 4,6 toneladas de milho, aproximadamente 10% a menos que quatro anos atrás.
Em tempo: embora dispensável, não custa lembrar que a crise de custo atual é ainda bem mais grave que a de 2016, pois exige do setor medidas de prevenção da pandemia inexistentes quatro anos atrás.
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