Mesmo pressionado pelo custo, frango abatido segue a rotina das duas últimas décadas
A curva sazonal estabelecida em duas décadas de performance do frango abatido (2000 a 2019) indica que em outubro, mesmo sofrendo leve inflexão em relação ao mês anterior, o produto alcança preço 17,4% superior à média do ano anterior. Com isso, completa os 10 primeiros meses do ano com um valor perto de 5% superior à mesma média.
Pois bem: em outubro corrente (apenas no primeiro decêndio), a cotação média do frango abatido correspondeu a uma valorização de, aproximadamente, 31% sobre a média de 2019 – quase 14 pontos percentuais acima do apontado pela curva sazonal. Mesmo assim e ainda que acumule em 2020 ganho de 3,3% sobre 2019, alcança valor 1,6% menor que o apontado pela média sazonal.
Detalhando em valores nominais: frente à média anual de, aproximadamente, R$4,25/kg registrada em 2019, a cotação média alcançada entre 1 e 10 de setembro (sete dias de negócios) ficou em R$5,56/kg, fazendo com que a média (preliminar) dos 10 primeiros meses de 2020 alcance R$4,39/kg. Isto equivale a um aumento de 3,3% sobre a média do ano passado mas continua aquém da média sazonal (aumento de 4,95%).
O que se pode concluir desses resultados é que, a despeito das baixas extremas ocasionadas pelo isolamento social no segundo trimestre de 2020, seguidas agora por altas que aparentam também ser extremas, o frango abatido vem apresentando comportamento muito próximo daquele observado na curva sazonal. Ou seja: se foi prejudicado pela pandemia, não vem se beneficiando dos desdobramentos posteriores, apenas mantém o comportamento médio observado nas duas últimas décadas.
O problema (seriíssimo) do setor, portanto, está todo centrado nos custos, hoje em níveis que superam a capacidade de absorção de um consumidor visivelmente depauperado e, por isso, impossíveis de serem repassados ao produto.
Salva a atividade o fato de os preços alcançados – mesmo em alta – permanecerem competitivos frente às carnes similares à de frango. Mas a pergunta que se faz é: até quando?
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