Para driblar custos de produção, suinocultores apostam em racionar a alimentação e utilizar componentes mais baratos

Publicado em 17/04/2020 13:58 e atualizado em 17/04/2020 14:50
O Índice de Custos de Produção de suínos de março da Embrapa teve alta de 15,55% nos últimos 12 meses; investimento em nutrição animal representou 78,53% do total gasto pelo suinocultor em março

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A suinocultura em algumas regiões do país começa a dar prejuízos aos produtores, tendo em vista preços baixos devido à menor demanda pela carne em período de quarentena, e pelos altos custos de produção. Em uma tentativa de tornar a situação menos sufocante, suinocultores têm optado em reduzir a quantidade de ração aos animais, utilizar alimentos alternativos e diminuir custos veterinários.

O Índice de Custos de Produção (ICP) para os suínos, divulgado nesta sexta-feira (17) pela divisão de suínos e aves da Embrapa, atingiu em março 254,18, aumento de 2,96% em relação a fevereiro e de 6,34% desde o início do ano. Estandendo a análise para os últimos 12 meses, o aumento foi de 15,55%.

A maior fatia nos custos de produção são os gastos que nutrição, que em março deste ano representa 78,53% do total, quando no ano passado, a fatia era de 76,54%. A alimentação dos suínos aumentou em março desde ano 2,79% em relação a fevereiro e 6,07% desde o início do ano. Nos últimos 12 meses, o avanço foi de 14,02%.

Em Santa Catarina, maior produtor de suínos do país, atualmente os custos de produção de suínos em março foram de R$ 4,44/kg, sendo que desse total, R$ 3,49/kg representa gasto com alimentação. No mês de março do ano passado, o custo de produção por quilo de suíno era de R$ 3,81, e a os gastos com alimentação dentro desse valor eram de R$ 2,92/kg. 

De acordo com Marcos Antônio Spricigo, suinocultor e presidente de núcleo regional Videira da Associação Catarinense de Produtores de Suínos (ACCS), confirma que na semana passada calculou seus lotes com um custo de produção próximo ao estimado pela Embrapa, em R$ 4,31/kg.

"Isso já representa prejuízo, porque o preço médio de venda é de R$ 3,65/kg. De 15 dias de março pra cá estamos cientes dos prejuízoas altos, o que deve passar de R$ 100 por cabeça desde o início da pandemia. ", disse.

Ainda que o mercado externo vá bem, ele afirma que a maior parte da produção de carne suína fica dentro do país, e é justamente o consumo doméstico que está derrapando no momento. 

"Não tem muito milagre que a gente consiga fazer. Ao invés de tratar o suíno com 3kg de ração por dia, vamos tratar 1,5kg, até porque se vc tiver peso alto do animal, fica ainda mais difícil de vender. Vai dar problema técnico, problema de canibalismo, mas é uma das alternativas que a gente tem para segurar esses animais em campo", lamentou. 

Entre outras medidas citadas por Spricigo para reduzir os custos de produção estão não fazer manutenções e investimentos, além de evitar gastos veterinários como, por exemplo, tratar animais que estão debilitados. "A solução é esperar morrer", disse.

"O fator dólar prejudica muito, além do farelo de soja e do milho, tem outros produtos dolarizados, como vitaminas e aminoácidos, medicamentos, e nesses insumos, a gente acaba reduzindo o consumo também. Começa a explorar outras alternativas alimentares, como farelo de arroz, por exemplo". 

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Tags:
Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

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