Rússia sinaliza voltar às compras de suínos em maio, cuja sobra enfrenta o frango no mercado interno
Até o começo de março, o suíno havia perdido R$ 1,22 nas granjas independentes gaúchas, aumentando até o momento quando o kg ronda os R$ 2,45. Em Minas Gerais, também retirado, está em R$ 3,00 e emagreceu R$ 1,20 nos últimos meses. Com esses números, os produtores estão contando os dias para que a Rússia volte às compras ainda em maio, conforme é a expectativa passada pelo governo ao setor.
Foi a saída desses problemáticos compradores - que quando não apontam para uma proteína animal brasileira, apontam para as outras duas -, que deixou a situação insustentável desde dezembro, quando pararam de comprar. A Rússia, que representou em 2017 38% das exportações totais do Brasil (em 680 mil/t, queda de 8% sobre 2016), teria dado sinais positivos em reunião com emissários do Ministério da Agricultura, Pecuária de Abastecimento (Mapa) no último dia 24, em Bruxelas.
“Mas com a Rússia é ver para crer”, brinca Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS). Mais de 120 mil toneladas mensais embarcadas para lá ficam no mercado interno. Primeiro, a Rússia contestou (não pela primeira vez), o uso da ractopamina na carne, mas depois se constatou que o governo queria regular o mercado local até para dar gás aos seus produtores que procuram reativar o domínio do mercado interno.
Em Minas Gerais, com peso exportador menor ainda que do Rio Grande do Sul, a situação foi de impacto indireto. Grande estado consumidor de porco, base da culinária, os produtores, quase todos independentes (a integração é forte só no Triângulo Mineiro), sofreram a concorrência de produtores de outros estados. A Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg) também está esperançosa de que até a segunda quinzena de maio os russos voltem ao mercado brasileiro.
Concorrência do frango
Segundo Antônio Ferraz, presidente, vai aliviar a pressão interna no estado, hoje com cerca de 285 mil matrizes, mas não muito imediatamente. Além de a retomada das vendas levarem certo tempo, depois – e se – de oficializarem a normalização das relações comerciais, “há agora a concorrência do frango”.
Folador, da ACSURS, também pensa a mesma coisa, com a desova do excedente bloqueado pela União Europeia. Enquanto isso, custos em alta de R$ 41/42,00 do milho, saltando dos R$ 27,00 de dezembro, tornam o impacto entre os produtores mais pesado.
Posto na indústria, o produtor gaúcho fora da integração recebe até R$ 3,25. A situação só não é mais dramática, de acordo com o presidente da entidade de avicultura do Rio Grande do Sul, porque há ainda muitos pequenos abatedouros, de alcance e registro locais, próximos de vários produtores, cortando parte dos custos de transporte, por exemplo.
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