Reflexo das dificuldades do setor, produção de pintos de corte recua 6% no primeiro trimestre
A produção de pinto de corte recuou sensivelmente no primeiro trimestre deste ano. Segundo dados da Apinco (Associação Brasileira dos Produtores de Pinto de Corte), o volume produzido caiu 6,81% em comparação ao mesmo trimestre do ano passado. O acumulado do período foi de 1,5 bilhão de pintos de corte. Já a produção dos últimos 12 meses recuou pouco mais de 4%.
Também em março, os dados da Apinco apontaram queda significativa. Com pouco mais de 517 milhões, a fabricação ficou 7,89% abaixo do mesmo período de 2016. Vale lembrar, contudo, que março/16 registrou recorde de produção, sendo o terceiro mais volume da história do setor.
Mas, o resultado desse ano ainda tem peso importante. No volume médio diário, março teve a menor produção dos últimos cinco meses, totalizando 16,6 mil pintos/dia. (Confira o gráfico).
O temor sobre o andamento das exportações em abril modificou a postura do setor. “A indústria frigorífica buscaram se precaver de eventuais sobressaltos dos embarques controlando a oferta. O ambiente de negociações esteve fragilizado, resultando em queda dos preços do frango vivo em grande parte do país”, disse o analista, Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
Segundo levantamento da ABPA (Associação Brasileira de Proteínas Animais), as exportações totais de carne de frango - considerando todos os produtos, entre in natura e processados - em abril registraram retração de 23% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 323,1 mil toneladas. Em receita, a queda chegou a 11%, com total de US$ 551 milhões.
No final de abril o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou lista com a situação atualizada com a situação de mercado dos países, a partir da Operação Carne Fraca. Confira aqui a tabela. Nesses casos a "suspensão parcial à importação se refere ao auto embargo promovida pelo próprio Mapa, abrangendo países que importam de frigoríficos citados na Operação. A licença de exportação foi suspensa até que sejam sanadas eventuais comprovadas irregularidades."
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Vale ressaltar que além das conseqüências da operação Carne Fraca, o setor também vem de um período bastante delicado. No ano passado houve grande prejuízo a produtores e agroindústrias pelo alto custo do milho. "Ainda há contas a ser saldadas", lembra o presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Rio Grande do Sul (Sipargs), Nestor Freiberger.
Toda essa conjuntura pode explicar o movimento de ajuste produtivo da cadeia avícola desde o final do ano passado. "Já vínhamos reduzindo a produção porque não temos consumidor internamente", disse o secretário-executivo da Apinco, José Carlos Godoy, que acredita na continuidade dos impactos na produção entre os meses de maio e junho.
Ajudada pela redução do preço do milho e pelo surto de gripe aviária - que golpeou exportadores de frango na Europa e na Ásia, impulsionando as vendas do Brasil no primeiro bimestre -, a indústria já se animava com os níveis de rentabilidade e acalentava a esperança de compensar este ano as perdas de 2016.
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