Suíno Vivo: Mercado encerra mais uma semana com cotações negativas e custos de produção preocupam
O mercado de suíno vivo teve mais uma semana de preços em queda. Nesta sexta-feira (15), as cotações encerraram estáveis, após baixas nas referências em grande parte das praças de comercialização. Já os embarques seguem com dados positivos e com boas perspectivas para o mês.
Mesmo sendo o período em que o consumo é melhor, o mercado não apresenta reação neste início de julho. Há pelo menos três semanas os preços não param de ceder na maioria das regiões, além de enfrentar diversas altas nos custos de produção.
Custos de produção
Dados divulgados pela Embrapa Suínos e Aves nesta semana apontam que em junho houve uma nova alta nos gastos das granjas. Com isso, o ICPSuíno/Embrapa atingiu 253,74 pontos, o que representa uma alta de 7,38% em relação a maio e 22,65% no acumulado do ano. A nutrição aparece como o principal fator de alta, com 7,13% apenas para estes insumos.
Fonte: Embrapa Suínos e Aves
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o presidente da ACSURS (Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul), Valdecir Folador, explica que a situação é preocupante, em que há três semanas as cotações estão cedendo no estado. Diante dos atuais patamares de custos de produção, muitos produtores continuam abatendo os animais antes do peso ideal.
“Mercado ainda está sem força pra reagir, embora tivesse tido um esboço no final de maio e nas últimas três semanas começaram a cair”, lamenta Folador.
» Acompanhe a entrevista na íntegra com o presidente da ACSURS
Analistas apontam que a tendência é de que os preços de milho continuem em alta no segundo semestre, visto que a segunda safra do cereal registra quebra e não deve suprir o cenário de escassez. O analista de mercado, Ênio Fernandes, aponta que altas já devem ser registradas nas próximas semanas, mesmo com o avanço dos trabalhos no campo.
"A colheita está andando e os relatos de produtividade estão abaixo do que o esperado. Com isso, a janela para comprar milho barato está passando e as empresas consumidoras precisam se posicionar. Acredito que nos próximos 10 a 20 dias, os preços devem voltar ao patamar de R$ 50,00 a saca na região de Campinas/SP. Ainda assim, o período crítico deverá ser observado no primeiro trimestre de 2017", aponta Fernandes.
Para o analista da Safras & Mercado, Allan Maia, a situação é motivo de apreensão para o setor, que vem há meses enfrentando dificuldades. “A situação não deve mudar no curto prazo e o fato do milho ter começado a subir novamente traz uma quadro de apreensão ao setor produtivo”, lamenta.
Preços
O Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) explica que em algumas regiões as desvalorizações chegam a 8% apenas nos primeiros dias de julho. Com o desempenho ruim das vendas do atacado mesmo com os preços mais baixos, o mercado não consegue reação.
“O movimento de queda já tem acendido o sinal de alerta em produtores, principalmente os independentes, que ainda arcam com custos de produção bastante elevados. Apesar das recentes desvalorizações, o milho e o farelo de soja, principais insumos da atividade, ainda são negociados em elevados patamares”, apontam os pesquisadores do Centro.
O levantamento semanal realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, aponta que a maior baixa semanal ocorreu em Minas Gerais e Goiás, com desvalorização de 11,11% na semana. De acordo com informações da ASEMG (Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais) a bolsa de suínos havia definido cotação em R$ 4,00/kg, após uma negociação acirrada entre suinocultores e frigoríficos.
Em São Paulo, a desvalorização também foi significativa, em 10,89%. A Bolsa de Suínos havia definido negócios em R$ 64 a R$ 66/@, respectivamente R$ 3,41 a R$ 3,52/kg vivo. O presidente da APCS (Associação Paulista dos Criadores de Suínos), explica que grande parte dos negócios ocorreu em R$ 67/@ e aponta que há um desequilíbrio no mercado.
“Passamos a primeira quinzena sem alterações praticamente, pelo histórico a segunda quinzena normalmente sempre é mais fraca do que a primeira. Num mercado anormal que estamos vivendo, pode ocorrer surpresas nos próximos quinze dias”, explica.
Exportações
Por outro lado, os dados parciais de embarques de carne suína in natura do mês de julho estão positivos, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Em 6 dias úteis, as exportações chegaram a 21,4 mil toneladas, com média diária de 3,6 mil toneladas.
Os atuais dados representam alta de 47% em comparação com volume por dia registrado em junho e crescimento de 49,3% em relação ao mesmo período de 2015. Em receita, os dados apontam para US$ 43,4 milhões, em que o valor por tonelada está em US$ 2.029,9.
A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) ainda projeta que as exportações de carne de suína devem registrar incremento de 28% em comparação a 2015. O avanço dos embarques está relacionado a demanda aquecida por parte da Rússia e China. Além disso, há a projeção de que a produção deve encerrar o ano com estabilidade, em 3,64 milhões de toneladas.
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