MT é reconhecido oficialmente pela OIE como livre de peste suína

Publicado em 26/05/2016 15:43

O mercado consumidor da carne suína produzida em Mato Grosso e os investimentos nas unidades de beneficiamento deverão ser ampliados com o status de zona livre de peste suína clássica, recebido pelo Governo do Estado nesta quinta-feira (26.05) durante a 84ª Sessão Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Paris. A certificação foi entregue ao presidente do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea), Guilherme Nolasco, e ao secretário adjunto de Agricultura da Sedec, Alexandre Possebon.

O estado é o quinto maior produtor de suínos do país e a cadeia suinícola gera cerca de 14 mil empregos diretos e indiretos. Características do solo, clima e recursos hídricos favorecem a produção de suínos. As granjas comerciais empregam alta tecnologia, práticas sustentáveis e de bem-estar animal.

"O mercado mundial hoje não compra simplesmente carne, compra qualidade e sanidade. Se o fornecedor não garantir esses requisitos ao consumidor, o mercado não se abre. Esse certificado significa dizer diretamente que o setor suinícula de Mato Grosso está apto a abocanhar novos mercados mundiais”, comemora o secretário de Desenvolvimento Econômico, Seneri Paludo.

O diferencial de Mato Grosso, segundo Seneri, é que de todas as unidades da federação, seja com ou sem status, o estado é o que apresenta maior potencial de crescimento da produção suinícola em função da oferta de matéria-prima (soja e milho) e pela sanidade porque possui distâncias entre as granjas, o que significa menor risco de propagação de doenças entre a população de suínos. 

Em Mato Grosso, somente em 2016 estão sendo investidos R$ 136 milhões na suinocultura, via linhas de crédito do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO Rural). A partir desses investimentos privados foram gerados 86 empregos diretos e 294 indiretos contribuindo para o desenvolvimento econômico e social regionalizado no Estado, já que as unidades comerciais estão localizadas em diversos municípios.

Com capacidade para aumentar a produção nas unidades de beneficiamento, produtores estão investindo na ampliação de granjas para a engorda e terminação de suínos. “Algumas unidades frigoríficas já estão projetadas para esse crescimento. O certificado pode abrir um rol de países e potencializar a produção e o beneficiamento. Temos matéria-prima, estrutura e tecnologia para isso, e condições para ampliar o mercado consumidor”, explica o secretário adjunto de Agricultura da Sedec, Alexandre Possebon.

Para Nolasco, o estado avança na defesa sanitária animal. “Mato Grosso dá um passo à frente. A certificação irá agregar valor ao mercado da carne suína, e é fruto de um trabalho realizado pelo Indea e a Associação dos Criadores de Suínos (Acrismat). Investimos em fiscalização, capacitação dos servidores, cadastramento e sorologia, e em vigilância veterinária ativa”.

O diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues de Castro Júnior, lembra que esse é um pleito desde 2009. “Poderemos acessar mercados para competir com aqueles países que já são considerados livres da peste suína, com os Estados Unidos, Canadá e quase toda a Europa. A partir do aumento da oferta por países e estados produtores considerados livres da doença, a certificação poderá passar a ser uma exigência, como ocorreu com aqueles que são livres de febre aftosa, para a compra de carne bovina”.

Em Paris os representantes de Mato Grosso e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) se reuniram com o Instituto de Pesquisa (Ifip), Inaporc – que reúne toda a cadeia produtiva suína, do produtor à indústria, e os segmentos de atacado e varejo – e o Ministério da Agricultura da França, com o objetivo de conhecer os procedimentos sanitários da França e da zona do Euro. Também estavam presentes a diretora técnica do Indea, Daniella Bueno e a responsável pelo Programa Estadual de Sanidade Suídea (PESS/Indea), Daniella Schettino.

Ações

Com apoio do Mapa e da Acrismat, o Indea realizou dois importantes treinamentos para médicos veterinários. O primeiro para Monitoramento e Controle Populacional de Suínos Asselvajados e o segundo, Simulado de Gabinete em Emergência Sanitária Animal para Peste Suína Clássica (PSC).

Outra ação do Governo do Estado foi a abertura de novos postos de fiscalização em zonas de fronteira com áreas consideradas não-livres da peste suína clássica. Foi aberto um posto em Guarantã do Norte e outro em Vila Rica, em parceria com a Acrismat. Além de duas barreiras volantes, sendo uma em Colniza e a outra no Vale do Araguaia, com apoio do Fundo Emergencial de Saúde Animal (Fesa), que doou duas caminhonetes e equipamentos para fiscalização.

Em 2015, técnicos do Indea realizaram vigilância em 4.198 propriedades, 913.763 suínos foram inspecionados. Vigilância e monitoramento em granjas e frigoríficos, vigilância sorológica em suínos asselvajados [cruzamento do javali europeu com o porco doméstico] e vários treinamentos para servidores e colaboradores estão entre as ações realizadas.

Em 2016, o Indea continua com o acompanhamento do rebanho realizando vigilâncias, sorologia, cursos de capacitação para os servidores e cursos de educação sanitária voltada para a sanidade suídea na zona de fronteira com a Bolívia.

Pess

O Programa Estadual de Sanidade Suídea (PESS) foi instituído em Mato Grosso em 2006 para o controle das criações em condições sanitárias adequadas, dentro dos padrões zootécnicos e dos procedimentos operacionais de qualidade, bem como a promoção do bem estar animal e atendimento às exigências dos consumidores nacionais e internacionais.

Tem como objetivo executar de forma contínua as ações, com atenção para as patologias peste suína clássica, doença de Aujeszky, brucelose, tuberculose, sarna e leptospirose. Além disso é realizado o monitoramento e a certificação das granjas e ainda o estabelecimento de medidas sanitárias para reconhecimento e/ou manutenção de Mato Grosso como área livre de enfermidades infecto-contagiosas e parasitárias.

OIE

A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reúne delegados representantes de 180 países, que definem as diretrizes e especialistas para debater sobre a legitimidade de medidas sanitárias adotadas pelos países membros. A OIE é referência mundial para sanidade animal e zoonoses.

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Fonte:
SEDEC/MT

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