Frango Vivo: Apesar de alta nos custos de produção, cotações encerram mais uma semana com estabilidade
Por mais uma semana, o mercado de frango vivo encerra com preços estáveis nas principais praças de comercialização. Com isso, nesta sexta-feira (01), as cotações em São Paulo seguem em R$ 2,80/kg e em Minas Gerais em R$ 2,95/kg. O setor enfrenta um momento de preços acomodados, apesar da necessidade de reajustes positivos com os altos custos de produção.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, o analista do Cepea, Augusto Maia, explica que o mercado registrou demanda mais retraída no mês de março, devido ao período de Quaresma, mesmo sendo a proteína mais acessível. Com isso, houve um aumento da oferta de animais disponível no mercado e os preços no atacado tiveram redução, enquanto nas granjas as cotações seguem firmes.
» Acompanhe a entrevista na íntegra com o analista do Cepea, Augusto Maia
O analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, aponta que apesar dos preços acomodados no mês de março, ainda é preciso que haja novas altas para reajustar margens. “Havia uma necessidade de aumento nos preços, considerando a forte elevação nos custos de produção, puxados principalmente pelo milho, mas o setor não conseguiu estabelecer esse repasse, o que deixou as margens de lucratividade bem apertadas”, comenta.
Por outro lado, a expectativa é positiva para o mercado. Augusto Maia aponta que com o fim do período de quaresma e também pelos preços mais atrativos para a proteína, o consumo tende a aumentar e, consequentemente, refletir nas cotações. Já no longo prazo, as reduções do preço da carne suína pode diminuir a competitividade da carne de frango.
"Como o preço do frango tem subido consecutivamente, a diferença entre as outras proteínas está caindo bastante. A carne de frango, por exemplo, vale aproximadamente a metade do valor da suína, mas em algumas regiões já é possível observar esses preços se equivalendo", alerta Maia.
Para Iglesias, o mercado pode registrar reação nesta primeira quinzena de abril, por ser o período que historicamente é de maior consumo. “Talvez o valor do quilo vivo possa subir cinco centavos durante a primeira metade do mês”, projeta.
Milho
Por outro lado, as cotações para o milho seguem subindo, desde o último trimestre de 2015 – o que traz necessidade de reajustes positivos ao mercado. O cenário é reflexo da escassez da oferta, após o cereal bater recordes de exportação com a valorização do dólar, enquanto a safrinha ainda não chegou ao mercado.
Com isso, a ABPA (Associação Brasileira Proteína Animal) divulgou que foi fechada a compra de 500 mil toneladas de milho da Argentina pela indústria brasileira, buscando amenizar o período de escassez da oferta. A agência de notícias Reuters também informou que as importações do cereal da Argentina devem ser as maiores dos últimos 15 anos.
O último levantamento realizado pela Embrapa Suínos e Aves mostra que o ICPFrango/Embrapa registrou aumento de 3,71% em fevereiro. Em comparação ao mesmo período de 2015, o aumento é de 30,01%, sendo que deste total a nutrição corresponde por 26,01% do acumulado.
» Preço do milho preocupa produtores de Aves e Suínos
Exportações
Enquanto o mercado interno segue com dificuldades, com os altos custos de produção e demanda enfraquecida, as exportações de carne de frango in natura seguem registrando números positivos. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) nesta tarde, foram embarcadas 368,6 mil toneladas.
Com média diária de 16,8 mil toneladas, o resultado é superior em 10,5% em comparação aos dados de fevereiro. Já em relação a março de 2015, o crescimento é ainda maior, de 16,3%. Em receita, os dados apontam para US$ 510,8 milhões, com o valor por tonelada em US$ 1.385,6.
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