Feijão, por Ibrafe: Produtores começam a exigir que os consumidores reconheçam seu esforço
Em um mundo onde a soja e milho, para ração animal, batem recordes de preço e a produção de Feijão recua, o consumo de Feijões tem aumentado na Europa e nos Estados Unidos. O medo do que alimentos que desconhecemos a origem podem causar à saúde aumentou muito após o COVID-19. Olhamos ao nosso redor e louvamos a modernização. Apontamos o dedo para setores do qual pouco conhecemos e temos na ponta da língua a recomendação: modernizem-se. Portanto, por estranho que pareça, o setor de alimentos básicos, considerado por muitos como nicho diante da grandiosidade das commodities, está iniciando a mais contundente evolução de qualidade. Sim, o setor Feijoeiro é feito de pessoas diferenciadas.
É raro conhecer um pesquisador, agrônomo, produtor, corretor, empacotador ou consumidor que não se mostre apaixonado pelos Feijões. Esta admiração pela planta que entre 65 e 90 dias renova as chances de recompor a vida de quem perdeu fortunas tentando produzi-la é real.
O que vemos agora é exemplo disso, há produtores no Paraná ignorados por pessoas que veem a chuva pela televisão. Se 2020 foi difícil para o mundo, 2021 será ainda pior para quem depositou as esperanças de vida melhor na Região Sul do Brasil, que teve estiagem e excesso de chuva na mesma safra. E qual a reação desses heróis anônimos? A palavra de ordem é “não vamos desistir”, eles olham para frente, renegociam dívidas e se sentem sozinhos. No entanto, colocam suas esperanças novamente na terra, na lavoura e vão fazer ainda melhor. Este melhor envolve usar mais sementes certificadas. Envolve produzir, dentro de critérios, protocolos e exigências que nem as plantas ornamentais nos grandes centros urbanos têm.
Questões ambientais e legais precisam ser conhecidas por todos os que estão na áreas urbanas. Para isso é preciso rastreabilidade para que todos saibam o tamanho do esforço que já é feito no campo. Não se trata nem de longe em exigir mais dos produtores, mas, sim, de reconhecer o que tem sido feito. Reconhecer exige que se pague por isso. Querem que preservem as terras, que eliminem pragas à unha, que produzam um alimento bonito, nutritivo, graúdo e por aí vai, e queremos que tudo isso custe mais barato. Acordem! Se entendemos que por preservarmos a natureza no Brasil merecemos royalties internacionais para termos nosso alimento, também temos que pagar por isso.
A rastreabilidade será a forma de expressarmos à população, atestado por um terceiro, que nós do agro fazemos do modo certo, produzimos da forma correta. Parece estranho, mas é assim mesmo. O que era exigência de consumidores agora é exigência de produtores e empacotadores, que reivindicam que a sociedade reconheça, no preço, seu trabalho diferenciado.
Mercado
Houve uma ligeira melhora no volume negociado ontem nas fontes, sobretudo no Paraná e em Minas Gerais. O Feijão-carioca com percentuais vários de brotados foi vendido desde R$ 220 até R$ 250/260. Já por produto de melhor aparência se pagou desde o Paraná R$ 280 até Minas Gerais R$ 310. O Feijão-preto consolidou a marca dos R$ 350, FOB fazenda.
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