Estudo mostra o que mudou na produção e consumo de feijão no Brasil em 20 anos
O Brasil é o maior produtor mundial de feijão comum. As produções de feijão em grão nos anos de 1975 e 2005 foram, respectivamente, de 2,28 milhões e 3,08 milhões de toneladas, com uma média de 2,54 milhões de toneladas no perí- odo. O cultivo dessa leguminosa é feito em três safras distintas, a primeira (safra das “águas”) com plantio nos meses de agosto a novembro e colheita de novembro a fevereiro, a segunda (safra da seca ou safrinha) com plantio de dezembro a março e colheita de março a junho e a terceira (safra de inverno ou irrigada) com plantio de abril a julho e colheita de julho a outubro.
A área colhida de feijão no Brasil, que em 1975 era de 4.145.916 hectares, aumentou para 5.926.143 em 1982 e em 2005 foi de 3.812.040 hectares. Assim, houve uma redução de 8,1% no período 1975-2005, liberando 333.876 hectares para outras atividades em 30 anos. Essa diminuição da área colhida ocorreu na primeira e na segunda safras, enquanto a área da terceira safra aumentou. Conforme dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) entre 1990 e 2005, a área da primeira safra diminuiu de 2.491.312 para 2.015.618 hectares (-19,1%), a da segunda diminuiu de 1.981.374 para 1.543.240 hectares (-22,1%) e a da terceira safra aumentou de 207.399 para 207.920 hectares (+0,3%).
Ao longo dos últimos vinte anos, a segunda e a terceira safras, apresentaram um comportamento semelhante. Entretanto, a segunda safra, que é considerada a de maior risco climático, mostrou oscilações maiores na área colhida, com reduções drásticas em 1993, 1998 e 2001, as quais foram sucedidas por aumentos em 1994, 1999 e, de maneira mais suave, em 2002 e 2003, voltando a diminuir em 2004 e 2005. A área colhida na terceira safra se manteve praticamente estabilizada entre 1985 e 2000, aumentando significativamente a partir de 2001.
A produtividade média do feijão apresentou aumento contínuo nas três safras no período 1985 a 2005. Percebe-se que os ganhos de produtividade foram bem maiores na terceira safra. De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola a produtividade média da terceira safra em 2005 foi de 2.142kg/ha.
Considerando que nos últimos vinte anos a produção de feijão na primeira safra praticamente se manteve estável e que o volume produzido pela segunda safra diminuiu, a terceira safra foi a maior responsável pela tendência de aumento da produção total de feijão entre 1985 e 2005.
O maior volume de produção do feijão de terceira safra, contudo, não foi suficiente para atender o abastecimento interno, cuja demanda foi complementada com importações. Entre 1998 e 2005 essas importações giraram em torno de 100 mil toneladas anuais e sua participação percentual no suprimento nacional se manteve está- vel. As importações têm ocorrido, principalmente, em função dos preços e época de colheita de feijão preto na Argentina. Enquanto a participa- ção da primeira e segunda safras diminuiu e da terceira aumentou.
Até a década de 1980 a colheita de feijão ocorria apenas em algumas épocas do ano. Com isso, havia super-oferta em alguns meses e a falta de produto em outros, normalmente os meses de inverno, provocando grandes oscila- ções de preço ao longo do ano. O aumento do rendimento por hectare, graças à introdução do feijão tipo carioca nos programas de melhoramento, e a consolidação das três safras, contribuíram para a regularização da oferta do produto ao longo do ano, diminuindo as oscilações de preço.
Uma simulação, considerando o consumo médio per capita de 16,6kg de feijão por ano e a produção dos estados brasileiros em 2005, indicou que apenas dez estados são superavitários na oferta de feijão (oferta - consumo > 0). Do montante excedente, cerca de 80% é de feijão comum e apenas 20% de feijão caupi.
Existem três regiões superavitárias na oferta de feijão no Brasil: a primeira no Sul, formada pelos Estados do Paraná e Santa Catarina; a segunda no Brasil Central, pelos Estados de Rondônia, Bahia, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso; e a terceira no Nordeste, pelos Estados do Piauí, Ceará e Paraíba. Na primeira safra é produzido o feijão comum; na segunda, o feijoeiro comum e o caupi no Nordeste e Norte; e na terceira, o feijoeiro comum irrigado. Por outro lado, há duas regiões deficitárias em feijão comum: uma no Rio Grande do Sul e a outra no CentroSul (Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo). Além dessas, o Norte (exceto Rondônia) e parte do Nordeste são defici- Informações Econômicas, SP, v.37, n.2, fev. 2007. 11 Produção e Consumo de Feijão no Brasil, 1975-2005 tários em feijão caupi.
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