Cadeia produtiva do amendoim é um desafio no semiárido do Nordeste

Publicado em 15/09/2017 15:35

O rigor do clima seco na região semiárida do Nordeste é, não raro, apontado como causa do insucesso em empreendimentos agrícolas. De fato, os baixos índices pluviométricos associados à sua distribuição irregular têm papel importante na derrocada da produção agrícola nesta região. Por outro lado, polos agrícolas dedicados à fruticultura e mesmo à produção de cana despontam de forma robusta na mesma região. Estas áreas desfrutam 48 GOULART, D. F. et al. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 19, n. 1, p. 47-59, 2017 de irrigação proveniente de rios importantes que correm pela região, entre eles o São Francisco e o Parnaíba. Neste cenário, o clima seco deixa de ser um limitante à produção para se tornar fator importante de vantagem competitiva.

A pergunta que pode surgir é: mesmo com a disponibilidade de água para a irrigação, como pode o clima seco se tornar elemento de vantagem competitiva? O produtor possui maior ingerência na disponibilização de água à cultura nos momentos em que ela realmente precisa ao longo do seu ciclo de desenvolvimento. Da mesma forma, o produtor pode cessar o suprimento hídrico no momento em que assim se fizer necessário. Este padrão de qualidade no manejo pode proporcionar, por exemplo, elevação da produtividade, uso de defensivos agrícolas em menor quantidade e qualidade superior dos produtos colhidos.

A cultura do amendoim requer, na sua fase de colheita, umidade de solo suficiente para que o processo de arranque seja feito sem grandes quebras, seguida de uma fase sem chuvas de quatro a cinco dias, para que o amendoim possa secar no campo. Incidência de chuvas ou umidade na etapa pós-colheita tem grande potencial para comprometer a qualidade do produto. São Paulo, o principal Estado produtor do país, cultiva amendoim predominantemente em sistema não irrigado, estando, portanto, à mercê da variabilidade de clima. As áreas do semiárido do Nordeste que se beneficiam da irrigação são capazes de proporcionar um controle muito maior sobre a variável “clima”.

No que se refere à comercialização, a demanda por amendoim do Nordeste é suprida pelo Estado de São Paulo. Um polo produtor perene e robusto no Nordeste assumiria uma posição de vantagem competitiva importante se comparado com São Paulo. Para fins de exercício de comparação, verifica-se que a distância entre Jaboticabal (SP), uma das principais cidades produtoras da oleaginosa, e Fortaleza (CE), uma das principais capitais do Nordeste é de 2.850 km. Por outro lado, a distância entre Petrolândia (PE), às margens do reservatório de Itaparica, no Rio São Francisco, e a mesma capital é de 787 km. São praticamente 2.000 km de diferença que fazem toda a diferença em qualquer cadeia produtiva.

O potencial do Nordeste para o estabelecimento de uma cadeia produtiva que possa atender de forma competitiva à demanda dessa região motivou a fundação do projeto de pesquisa “Sistema de Produção de Amendoim no Vale do São Francisco”. Sob a abrangência deste projeto, propõe-se, no presente estudo, descrever a cadeia produtiva do amendoim na região do reservatório de Itaparica (conhecido como Sistema Itaparica) entre os Estados de Pernambuco e Bahia e trazer propostas que venham a auxiliar o produtor rural local no fortalecimento da sua posição dentro desta cadeia.

Trata-se de um artigo qualitativo elaborado a partir de dados primários coletados em campo. Observações participativas e questionários não estruturados são utilizados como ferramentas de coleta de dados, conforme prevê Godoy (1995). Utiliza-se dos conceitos sobre cadeias produtivas e gestão da cadeia de suprimentos como ferramental teórico para a construção das discussões. Conceitos relacionados à competitividade de cadeias de suprimentos são, de igual maneira, fundamentais para o desenvolvimento deste trabalho.

Trabalhos que se apoiam nos conceitos de gestão da cadeia de suprimentos e cadeias produtivas são comuns na literatura sobre agronegócio. Zylbersztajn; Filho (2003) utilizam a cadeia de suprimentos da carne para discutir a relação entre coordenação da cadeia e vantagem competitiva. Ji et al. (2012) discutem a estrutura de governança na cadeia de suprimento suína na China a partir dos constructos gestão da cadeia de suprimentos, custos de transação e análise de valor. Neste artigo, buscase construir o mesmo tipo de discussão para a cadeia produtiva do amendoim.

Leia o artigo na íntegra no link 

 

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Fonte:
Embrapa

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