Interferência do arranjo de plantas daninhas no crescimento do feijoeiro

Publicado em 12/09/2017 16:12

O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma importante fonte de alimento, sendo fonte de proteína na dieta alimentar do povo brasileiro. Para a safra 2015/2016, a área cultivada no Brasil foi de 3,13 milhões de hectares, gerando uma produção de 3,38 milhões de toneladas com produtividade média de 1082 kg ha-1 (CONAB, 2016).

Em regiões de cerrado, onde as condições climáticas são bem definidas, o feijoeiro é cultivado em três épocas: “águas’’, “seca’’ e “outono-inverno’’, contudo, a primeira safra (águas) tem apresentado os maiores problemas no controle de plantas daninhas devido, sobretudo, à boa disponibilidade hídrica associada à intensa radiação solar, favorecendo, consequentemente, a infestação de plantas daninhas com metabolismo C4, como por exemplo, capim-marmeladas (Brachiaria spp.), capim carrapicho (Cenchrus echinatus), grama-seda (Cynodon dactylon), capim-colonião (Panicum maximum), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), capim-favorito (Digitaria horizontalis) e tiririca (Cyperus rotundus) (COBUCCI, 2008). Na safra da “seca’’ e de “outono-inverno’’, apesar da menor influência dos fatores do meio (disponibilidade hídrica e radiação solar) sobre a comunidade infestante, o que acaba por favorecer o desenvolvimento das plantas do feijão e aumentar seu potencial competitivo, a interferência das plantas daninhas ainda é relevante e bem menos abordada em estudos sobre o assunto.


A interferência das plantas daninhas é considerada um dos fatores que contribuem para a baixa produtividade do feijoeiro. A cultura normalmente é bastante sensível a mato-interferência, que pode reduzir em até 50-70% na produtividade dos grãos (MANABE et al., 2015). Dos trabalhos feitos no Brasil relacionados ao controle de plantas daninhas na cultura do feijoeiro, a maioria se refere ao controle com herbicidas. São raros os trabalhos que visam levantar subsídios para o estabelecimento de programa de manejo integrado de plantas daninhas nessa cultura. Devido à escassez de informações devem ser considerados prioritários trabalhos que objetivam estudar os efeitos de períodos de convivência e de controle das plantas daninhas sobre a produtividade da cultura do feijoeiro (SALGADO et. al., 2007).
O feijoeiro, por ser de baixa capacidade competitiva, é enquadrado no grupo de culturas que menos sombreiam o solo, logo, sofre intensa interferência das plantas daninhas, resultando, por conseguinte, em sérios prejuízos no crescimento, produtividade e na operacionalização de colheita. Essa redução é ocasionada principalmente pela competição por água, luz e nutrientes (COBUCCI, 2008). Certas espécies de plantas daninhas como a Ipomea spp. afetam também a colheita manual ou mecânica do feijão, particularmente quando a maturação das espécies é diferenciada.

De acordo com Silva & Silva, (2013) o período entre o vigésimo e o quinquagésimo dia após a emergência das culturas é onde a competição ocorre de forma mais intensa entre plantas daninhas e culturas anuais como o feijoeiro, soja e milho. Além disso, esses autores ponderam ainda que tal competição depende de uma série de fatores relacionados à cultura ou à própria planta daninha como variedade, espaçamento, densidade e adubação do feijoeiro, tipo de planta infestante, densidade de ocorrência e período de interferência das plantas daninhas. Dentre estes fatores destacam-se a densidade e tipo de plantas daninhas e a época em que a competição ocorre (JAKELAITIS et al., 2006).

O manejo de plantas daninhas envolve atividades dirigidas para as plantas daninhas (manejo direto) e/ou para o sistema formado pelo solo e pela cultura (manejo indireto). O manejo direto refere-se à eliminação direta das plantas daninhas com uso de herbicidas, ação mecânica ou manual e ação biológica. No manejo do solo (manejo indireto) se trabalha com a relação sementes ativas e inativas. Neste caso, aumenta-se a germinação das plantas daninhas e posteriormente realiza-se o controle com o uso de técnicas como, por exemplo, a aplicação sequencial de dessecantes.

O manejo cultural se baseia na construção de plantas de feijoeiro com capacidade de manifestar seu máximo potencial produtivo e competir com as plantas daninhas, pela utilização de práticas como o equilíbrio na fertilidade do solo, velocidade correta de semeadura, manejo de adubação, arranjo espacial das plantas, época adequada de plantio, dentre outros. A terminologia ‘controle integrado’ significa a utilização de dois ou mais métodos de controle de plantas daninhas objetivando manter as populações abaixo do nível de dano econômico e com o mínimo de impacto ambiental, englobando os métodos preventivos, cultural, mecânicos, físicos, biológicos e químicos.

De acordo com a condição edafoclimática como a topografia do terreno, o tipo de solo ou a precipitação pluvial e em função das espécies de plantas daninhas presentes e dos tipos de equipamentos disponíveis define-se o método ou a associação de métodos de controle de plantas daninhas que permitam ao produtor maior eficiência, economia e preservação do meio ambiente. A utilização de um único método de controle por anos consecutivos pode acarretar sérios problemas na área, tais como: adensamento do solo; acúmulo de resíduos de herbicidas; e seleção de plantas daninhas resistentes (COBUCCI, 2008).

Objetivou-se com esse estudo verificar a interferência de duas principais plantas daninhas altamente competitivas com a cultura (capim-marmelada e picão-preto) e a associação dessas duas espécies no crescimento de plantas de feijoeiro no período de outono-inverno.

 

Conclui-se que as plantas de picão-preto e capim-marmelada em convivência de plantas de feijão afetam o desenvolvimento da cultura. O picão-preto exerce maior competição sofre o feijoeiro do que o capim-marmelada. A associação das plantas daninhas é mais prejudicial à cultura do que isoladas.

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Fonte:
Revista Agricultura Neotropical

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