No litoral argentino, plantio de arroz entra na reta final
O plantio de arroz no litoral argentino começou, há algumas semanas, com a projeção de que se poderia obter uma produção simiilar à da safra passada, que superou os 1,4 milhões de toneladas, mas com melhores rendimentos, uma vez que se espera uma menor quantidade de dias nublados.
Os produtores de arroz já plantaram agora mais de 50% dos lotes que serão destinados ao cultivo. "Atrasamos algumas semanas, porque faltava umidade no solo", disse o produtor Eduardo Varese, que produz 20km ao norte de La Paz (província de Entre Rios), em entrevista ao Clarín Rural.
"Em nossa área já foram plantadas mais de 70% das terras destinadas ao arroz. Acreditamos que os rendimentos vão ser bons porque esperamos uma maior radiação solar em um ano que poderá ter a ocorrência do La Niña", destacou Roxana Schmukler, que produz nas cidades de Jubileo e San Salvador, na mesma província que Varese, também em entrevista ao Clarín Rural.
No entanto, a província de Santa Fe prevê uma queda na área que será ocupada pelo cultivo. De acordo com Rodolfo Vicino, delegado do Ministério da Produção da província, os produtores estão sem financiamento por conta das sequelas que as inundações do outono deixaram nas terras, fazendo com que 25% dos hectares destinados ao arroz não sejam plantados nesta safra.
A produção argentina de arroz se concentra em três províncias: Corrientes, Entre Rios e Santa Fe. Os produtores de Corrientes são responsáveis por 45% da produção total, enquanto os produtores de Entre Rios e de Santa Fe são responsáveis por 35% e 14%, respectivamente. O restante da área é cultivada nas províncias de Chaco e de Formosa.
Na safra passada, que começou a ser definida em fevereiro, a produção argentina foi de 1.404.980 toneladas, quase 10% a menos que as 1.558.100 toneladas que haviam sido colhidas no ciclo 2014/15. Não foi considerada uma boa safra: desde a safra 2010/11, a Argentina não possuia uma queda tão expressiva no volume.
O El Niño foi um dos princpais fatores para esta queda, além de um contexto internacional de preços que não foi favorável e alguns problemas pontuais. Em Santa Fe, por exemplo, se agravou o problema do arroz vermelho, que aparece nas lavouras e é cada vez mais difícil de controlar.
Nas áreas próximas a La Paz e San Salvador, os produtores projetam que o plantio vai ser similar ao da safra passada, quando foram plantados cerca de 72.000 hectares em Entre Ríos (em Corrientes, a superfície semeada superou os 88.000 hectares).
Na safra passada, também houve uma grande diferença de rendimentos entre as províncias. Em Corrientes e Entre Ríos, segundo dados do Ministério da Agroindústria argentino, a produção foi de mais de 7 toneladas por hectare, enquanto em Santa Fe, foi de apenas 5 toneladas.
Entre 2006 e 2011, o corredor arrozeiro de Santa Fe duplicou sua superfície de cultivo, passando de 20.000 hectares semeados a 45.000 hectares. Esta tendência foi influenciada pela irrigação feita a partir da energia elétrica, o que reduz os custos, e não com gasóleo, como é feita em Entre Ríos, mas os problemas de enfermidades e as consequências das inundações colocaram um limite a este crescimento.
Para os produtores de arroz, as exportações são estratégicas. Das 1,5 milhões de toneladas que pretendem colher, apenas 400.000 toneladas são destinadas ao mercado interno e o restante é exportado, sobretudo ao mercado brasileiro.
"Estive falando com algumas pessoas do Brasil e elas esperam que sejam reativadas as compras de arroz argentino, que diminuiram por conta da forte recessão que afeta a economia brasileira", contou Schmukler.
A outra variável que mantém os produtores atentos é a evolução dos preços. O último informe da Associação de Plantadores de Arroz de Corrientes adverte que as cotações caíram em setembro por conta dos altos estoques do cultivo.
Entre outros fatores, também se aponta que na Tailândia o governo segue desfazendo-se de suas reservas antigas e que as novas colheitas asiáticas, as mais importantes do mundo, estão em boas condições.
Neste cenário, projeta-se que a produção mundial de arroz poderia crescer 1,6% nesta safra e que as cotações se manteriam baixas, ao menos, até o primeiro trimestre de 2017.
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