Previsão climática para a Páscoa indica “tempo bom” para o consumo de chocolate, aponta Nottus
O cacau, matéria-prima essencial para a fabricação do chocolate, tem sua produção impactada pelas condições climáticas, desde o cultivo até a comercialização final. A irregularidade climática registrada nos últimos meses comprometeu o desempenho das lavouras na Bahia, um dos principais estados produtores no Brasil. No entanto, a análise da Nottus, empresa de inteligência de dados e consultoria meteorológica para negócios indica “tempo bom” para o consumo de chocolate com a redução das temperaturas pouco antes da Páscoa.
“Em dezembro, tivemos escassez de chuvas nas áreas produtoras da Bahia, o que gerou bastante apreensão entre os produtores. Janeiro houve um respiro com precipitações acima da média — um dos poucos efeitos do La Niña sentidos —, mas fevereiro voltou a ser seco. Já março seguiu com chuvas abaixo do esperado”, afirma Desirée Brandt, sócia-executiva e meteorologista da Nottus. Segundo ela, a expectativa é de melhora gradual nas precipitações na faixa leste do estado nos próximos meses, mas com volumes menores no interior, o que já é típico do outono baiano.
Se no campo a instabilidade climática serviu de alerta para os produtores de cacau, já o cenário para os próximos dias de abril tende a aquecer as vendas do chocolate no varejo. “Há uma previsão de queda acentuada na temperatura poucos dias antes da Páscoa. Não será um frio rigoroso, mas suficiente para mudar a sensação térmica. Esse quadro pode criar um ambiente mais promissor para a venda de chocolate se comparado ao mesmo período do ano passado”, diz Brandt. Historicamente, o consumo de chocolate cresce nas regiões Sul e Sudeste durante o outono e inverno.
Henrique de Almeida, produtor de cacau no sul da Bahia e proprietário da marca Fazenda Sagarana Chocolate de Origem, sente o peso das mudanças climáticas. Atuando no modelo conhecido como tree to bar — do pé à barra —, ele acompanha de perto os desafios de uma lavoura que depende diretamente de condições climáticas para o cultivo da fruta. “A Bahia tem um inverno com chuvas finas e constantes, de maio a setembro, ideal para o plantio, mas a colheita tem mudado. A safra temporã, que costumava começar em abril, está cada vez mais tardia, e a safra principal, que ia até janeiro, tem encolhido. O clima já não é mais previsível como antes”, relata Henrique.
Além do chocolate, o cacau é utilizado na fabricação da manteiga de cacau, insumo essencial para a indústria cosmética e alimentícia. O Brasil ocupa atualmente a sexta posição entre os maiores produtores desse fruto do mundo. Também importa cacau da África para atender à demanda das indústrias processadoras.
Mercado do chocolate – A setor do varejo se prepara para as vendas da Páscoa, data mais relevante para esse segmento. Segundo a Associação das Indústrias de Chocolate, Amendoim e Balas (Abicab), a produção de ovos de chocolate este ano foi de 45 milhões de unidades, queda de 10% em relação a 2024. Por outro lado, a variedade de produtos saltou de 600 para 800, numa tentativa de atrair consumidores em um cenário de custos elevados e oferta restrita de matéria-prima.
As mudanças climáticas têm impactado diversos mercados, e da produção do cacau até a chegada do chocolate às mãos do consumidor são muitos os processos que podem ser auxiliados por análise e estudos meteorológicos. “Uma consultoria pode ajudar a prever variações climáticas, auxiliar na tomada de decisões estratégicas de toda a cadeia, desde a fabricação até a comercialização de seus produtos e derivados, reduzindo riscos e aproveitando oportunidades”, avalia Desirée Brandt.
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