"Safra 2021/22 dos EUA está começando com umidade do solo abaixo da média", diz Dr. Cordonnier
Não tem sido só o calor a preocupar os produtores norte-americanos neste momento, de acordo com relatos do grupo XtremeAg ao portal SuccessfulFarming. Espalhados por diferentes partes do Corn Belt, há preocupações com o início da colheita do trigo de inverno no Alabama e ainda geadas que começam a ser registradas em Illinois, bem como temperaturas próximas dos 40ºC na Dakota do Sul.
GEADAS
"Este parece ser o ano das geadas tardias. Depois de perder alguns grãos para a geada, quase um mês depois fomos atingidos novamente. Desta vez, os grãos estão bem, mas 100% dos nossos acres de milho estão danificados pela geada", diz Dan Luepkes, produtor na cidade de Oregon, em Illinois. Ele relata ainda que algumas áreas a alguns quilômetros também foram afetadas, registram condições ainda piores e podem ter de replantar diversos hectares.
Além das geadas, Luepkes cita ainda a pouca eficiências de suas aplicações de herbicidas em função das condições inadequadas de clima para o período. "O milho vai sofrer", lamenta o agricultor.
De acordo com informações da RadioIowa, o estado - que é um dos maiores produtores do cereal dos Estados Unidos - também terá de replantar diversos campos depois das geadas.
Soja se recuperando seis dias depois da geada em Iowa - Foto: Paul Kassel/Twitter
Na Dakota do Sul também foram registradas ocorrências de geadas, principalmente em maio. "Porém, assim que junho chegou as temperaturas dispararam e se aproximaram dos 40ºC. "Tivemos sorte de não perder nada de soja e milho, porém, algumas propriedades a norte e leste de nós não podem dizer o mesmo", relata Lee Lubbers, da cidade de Gregory.
BAIXA UMIDADE
Além das geadas, os baixos níveis de umidade em diversos pontos do Corn Belt preocupam, em especial nos estados mais ao norte continuam sofrendo com baixos volumes de chuvas, insuficientes para recuperar os estoques de água no subsolo depois de um inverno bastante seco.
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As Dakotas estão em evidência nesta temporada, uma vez que há meses sofrem como tempo muito seco e, agora, bastante quente também. Juntos, os dois estados correspondem a aproximadamente 15% da produção nacional de soja.
"A safra de soja das Dakotas está sob sério risco. Entre geadas, seca e temperaturas congelantes em alguns momentos, diversos produtores terão de fazer o replantio. Agora, calor de quase 40ºC, ventos fortes e quase nenhuma previsão de chuvas no horizonte", explica a commodity broker norte-americana Naomi Blohm, pelo Twitter.
As imagens do Drought Monitor, o serviço que monitora a condição da seca nos EUA, segue indicando a situação ainda preocupante das regiões mais a oeste do país, o que acaba colando em risco a produção também de estados como Minnesota, partes de Iowa e do Nebraska.
Como explicou o phD em agronomia, o Dr. Michael Cordonnier, na última semana 12 estados indicaram que o o solo ficou mais seco, enquanto em apenas seis ficou mais úmido. Como não surpreende, os mais secos são Dakota do Norte, Dakota do Sul, Iowa, Michigan e Minnesota. Entre os mais úmidos estão Louisiana, Arkansas, Tennessee, Kansas e o Missouri.
"Esta é a segunda semana que classifico a umidade do solo e a camada superficial do solo seca na semana passada. A temporada de cultivo de 2021 nos EUA está começando com umidade do solo abaixo da média. A previsão de longo prazo indica condições mais quentes e mais secas, de modo que a umidade do solo deve começar a diminuir nas próximas semanas", alerta Cordonnier.
Mais do que isso, o especialista ainda alerta para a possibilidade de uma continuidade da diminuição dos níveis de umidade até a segunda ou terceira semana de agosto e, na sequência, podendo marcar uma ligeira recuperação em agosto.
Os mapas do Commodity Weather Group continuam mostrando para 8 a 22 de junho temperaturas acima da média e chuvas abaixo, como mostra a imagem abaixo:
CLIMA X MERCADO
A volatlidade do mercado de grãos continua se intensificando na Bolsa de Chicago. Os futuros da soja, nesta terça-feira (8), terminaram o dia subindo entre 16,75 e 19,75 pontos, com o julho/21 fechando com US$ 15,80 - depois de se aproximar dos US$ 16,00 ao longo do dia - e o novembro com US$ 14,57 por bushel.
O dia foi bastante agitado, com o mercado oscilando entre altas mais fortes e mais tímidas, acompanhando os mapas climáticos sendo atualizados ao longo do dia. Afinal, "o mercado não está preparado para lidar com uma frustração de safra nos EUA porque os estoques estão muito apertados", lembra o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities.
E parte destas altas se deu com o índice de lavouras tanto de soja, quanto de milho em boas ou excelentes condições nos EUA vindo abaixo das expectativas do mercado - e menor do que o da semana passada no caso do milho - divulgados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final desta segunda-feira (7).
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