Clima ainda adverso nos EUA, BR e mais países-chave na produção levam grãos às máximas de 2013
"As temperaturas dizem não, mas os campos dizem 'vamos lá. E decisões sempre foram difíceis para mim, então, o plantio 2021 está acontecendo", relatou o produtor de Dakota do Norte, Austin Sundeen, pelo Twitter, ao publicar a foto abaixo. E assim ainda tem sido o dia a dia dos produtores norte-americanos com o frio intenso ainda inspirando cautela para o avanço dos trabalhos de campo e já provocando, para algumas regiões, um leve atraso do plantio da safra 2021/22 dos Estados Unidos.
Início do plantio na Dakota do Norte - Abril 2021 - Foto: Austin Sundeen/Twitter
As previsões seguem mostrando uma melhora das condições, com um ligeiro aumento das temperaturas, a partir do início de maio, bem como as chuvas também deverão começar a apresentar volumes melhores para este momento da temporada.
Especialistas norte-americanos têm dado entrevistas reforçando aos produtores que "respeitem" de fato as condições de clima e dos solos para que possam tomar melhores decisões para seguir com a semeadura tanto da soja, quanto do milho, acompanhando as particularidades de cada variedade de ambas as culturas.
Ken Ferrie, agrônomo do Farm Journal, explica que para evitar uma má germinação do milho, o ideal é que as temperaturas do solo estejam em 10ºC (50ºF) ou acima, e que as previsões indiquem pelo menos três dias de temperaturas em elevação.
PREVISÃO DO TEMPO
Mas o que apontam as previsões?Nos próximos 11 a 15 dias, as temperaturas podem começar a subir e auxiliar na semeadura no sul e leste do Meio-Oeste americano e também na região do Delta, segundo informa o boletim diário do Commodity Weather Group. As chuvas também começam a melhorar neste período.
"Chove no meio desta semana e também na metade do intervalo dos próximos 6 a 10 dias", complementa o CWG.
Previsão de chuvas para os EUA - Fonte: Commodity Weather Group
De acordo com as últimas atualizações do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, as previsões já sinalizam melhoras esperadas e uma elevação das temperaturas a partir do início de maio, como mostra o mapa a seguir. A imagem mostra as condições esperadas para o período de 1 a 5 de maio, com temperaturas acima da média nas principais regiões produtoras.
Temperaturas previstas para os EUA de1 a 5 de maio de 2021 - Fonte: NOAA
No mesmo período, as chuvas devem se mostrar dentro da normalidade, à exceção de Minnesota, Wisconsin, sul da Dakota do Sul, Nebraska e metade Iowa, que são as áreas destacadas em verde claro.
Chuvas previstas para os EUA de 1 a 5 de maio de 2021 - Fonte: NOAA
TRABALHOS DE CAMPO ESTÃO ACONTECENDO
Segundo relata o consultor de mercado da Roach AgMarketing, Aaron Edwards, esta é a primeira semana onde as condições de clima se mostram mais estáveis e permitindo que os trabalhos de campo caminhem de forma uma pouco mais intensa.
"De todos com quem eu falei hoje, quase todos estão rodando, alguns com soja, outros com milho. O plantio está a todo vapor, essa é a primeira semana mais constante de clima não tão frio. Dependendo da região, alguns estão com condições perfeitas, outros com o tempo um pouquinho seco, mas arriscando plantar assim mesmo. E já há area plantada e essas parece que estão conseguindo a umidade que precisam. Não há nenhum alerta, nenhuma preocupação até agora", afirma Edwards.
Ele complementa dizendo, porém, que ainda é bastante cedo para se ter a garantia de uma safra cheia, mas reafirma que o momento está, de fato, melhorando, e que até o final desta semana os avanços nos trabalhos de campo poderão ser importantes e substanciais.
CLIMA ADVERSO X PREÇOS DOS GRÃOS
As preocupações iniciais e a espera pela elevação das temperaturas nos Estados Unidos têm tido importante peso na disparada dos futuros dos grãos negociados na Bolsa de Chicago. Somente nesta segunda-feira, os futuros da soja terminaram o dia com altas de mais de 1,5% - ou quase 30 pontos nos primeiros vencimentos - enquanto milho e trigo subiram mais de 3%.
E não só o clima nos EUA impacta nos preços, que são os mais altos desde 2013 na CBOT para as três culturas, mas adversidades sendo registradas também em outros países-chave na produção de grãos também puxam o mercado. A seca para a segunda safra de milho no Brasil, as chuvas comprometendo parte da colheita da soja na Argentina e a seca na França e no Canadá prejudicando as lavouras de trigo também estão no radar.
"O setor agrícola parece muito atraente agora e o dinheiro está atrás dele", afirma à Bloomberg o economista , disse Arlan Suderman, economista chefe de commodities da StoneX à Bloomberg. Na semana passada, o índice de commodities da agência internacional - um dos mais importantes do mercado externo - registrou um dos mais expressivos saltos em quase nove anos.
O avanço, ainda segundo Suderman, se dá em um momento de combinação das adversidades climáticas, que intensificam a preocupação com a oferta, e mais a demanda que permanece muito intensa, principalmente por parte da China.
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