Embrapa contribui com posicionamento do Brasil em plataforma latino-americana de ações climáticas
Dez países, incluindo o Brasil, estão discutindo estratégias de implementação de medidas relacionadas à mudança do clima com foco na agricultura. O objetivo da iniciativa, denominada Plataforma de Ação Climática da América Latina e Caribe (Placa), é reunir a experiência e o conhecimento (pesquisa, capacitação, transferência de tecnologia, acesso a financiamento para adaptação e mitigação da mudança do clima), que resultem em cooperação na implementação de políticas públicas domésticas relacionadas a mudança do clima e articulações com instituições internacionais.
Para João Adrien, assessor especial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a participação da Embrapa nas negociações foi fundamental. “A Embrapa detém uma equipe técnica que conhece com profundidade as variáveis envolvidas na negociação sobre o tema e isso ajudou no posicionamento do Brasil de forma proativa”, afirmou. Segundo ele, a expectativa é a de que a iniciativa deva ser uma plataforma regional onde o Brasil vai contribuir com a disseminação do modelo tecnológico e soluções para a questão climática desenvolvidas no Brasil, além do compartilhamento com os demais países de experiências para fomentar uma produção rural sustentável associada ao enfrentamento dos desafios impostos pela mudança do clima. “Trata-se de uma importante oportunidade para intercâmbio de conhecimento, onde o país pode ter espaço para promover a agricultura como solução para as mudanças climáticas”, completou.
Adrien destacou que, desde a adesão do Brasil à Placa, em dezembro de 2019, até a finalização das negociações da carta fundacional em junho de 2020, foi necessário um processo de negociações, envolvendo a complexidade e a diversidade de realidades de cada país membro da plataforma. “Cada um está inserido em contextos geopolíticos específicos e por isso as soluções devem ser adaptadas às diferentes realidades”, explicou. “
A presença e a representatividade brasileiras também foram reconhecidas com relação à inclusão do português, como idioma oficial da Placa, somando-se ao inglês e ao espanhol, originalmente parte da iniciativa. A expectativa agora é a de que a Placa seja um ambiente de cooperação para o Brasil, na realização de ações que promovam as tecnologias sustentáveis como solução para questões climáticas.
“Não há dúvidas de que ao longo das últimas décadas, o Brasil se destacou no desenvolvimento de modelos de produção agrícola adequados ao ambiente tropical”, comenta Gustavo Mozzer, pesquisador da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire) da Embrapa. “A Embrapa tem sido fundamental nessa trajetória, sendo responsável por desenvolver pesquisas que possibilitaram o posicionamento, durante a negociação de Copenhague na COP 15, de elementos estratégicos relacionados ao setor agrícola, como parte do conjunto de ações conhecidos como Ações Nacionalmente Apropriadas de Mitigação (NAMAs)”, relata ele.
Segundo o pesquisador, com a implementação internacional dos NAMAs e em âmbito doméstico, com o desenvolvimento do Plano de Adaptação e Baixo Carbono para Agricultura (Plano ABC) conduzido pelo MAPA, a agricultura brasileira, com apoio da Embrapa, tem conquistado espaço por meio da disseminação de tecnologias de ponta para adaptar os sistemas produtivos aos impactos da mudança do clima. “Além disso, contribuiu com estratégias de controle das emissões de gases de efeito estufa, preservação de renda, sem perder de vista a relevância do homem do campo e a produção de alimento”, concluiu.
Mobilização de pesquisadores
Sobre o papel da Embrapa no cenário internacional do desenvolvimento científico e tecnológico, Gustavo Mozzer comenta ser a base para a revolução em sustentabilidade, produtividade e eficiência na agricultura brasileira. “Durante a última década, a coordenação do Portfólio de Mudanças do Clima mobilizou pesquisadores de várias Unidades e tem consolidado o papel da Embrapa como uma instituição de referência no planejamento para a identificação de demandas relacionadas aos desafios impostos pela mudança do clima”, disse.
O pesquisador faz parte do Núcleo de Políticas Globais da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (Sire/Grei), considerado referência no estudo dos processos internacionais de negociações, relacionados à mudança do clima e apoio ao Ministério da Agricultura em negociação no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas (UNFCCC) e em processos plurilaterais, como a Placa.
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