Tempo: Outono começa nesta 4ª feira com primeiros fenômenos de frio do ano e impactos pontuais do El Niño
O outono no Hemisfério Sul começa nesta quarta-feira (20) às 18h58 (horário de Brasília) e decorre até o dia 21 de junho às 12h54. A estação começa com a previsão de declínio de temperatura em áreas do Sul e Sudeste do país, além de mudanças no padrão de chuvas em algumas regiões, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
"Durante esta estação, observam-se as primeiras formações de fenômenos adversos, tais como: nevoeiros nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste; geadas nas regiões Sul e Sudeste e no Mato Grosso do Sul; neve nas áreas serranas e nos planaltos da Região Sul; e friagem no sul da Região Norte e nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e até mesmo no sul de Goiás", destacou o instituto.
Veja a climatologia de temperatura média e precipitação para o trimestre abril, maio e junho. Período de referência: 1981 – 2010:
Além de apresentar as primeiras incursões de frio do ano, que são oriundas no Sul do continente, o outono também deve apresentar mudanças no padrão de chuvas em algumas regiões do país. A safra de soja no Brasil chegou a ser impactada pelas chuvas no final de 2018 e início de 2019. Nos últimos meses, no entanto, as condições climáticas estiveram mais regulares.
"Neste período, as chuvas são mais escassas no interior do Brasil, em particular no semiárido nordestino e no norte de Minas Gerais. Na parte norte das regiões Nordeste e Norte ainda é época de muita chuva, principalmente se houver a persistência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) mais ao sul de sua posição climatológica", disse o Inmet.
Veja o mapa de previsão probabilística para todo o Brasil em abril, maio e junho:
Fonte: Inmet
De acordo com o Inmet, o outono é caracterizado como uma estação de transição, entre o verão quente e úmido e o inverno frio e seco. A previsão probabilística do Inmet para os meses de abril, maio e junho aponta que no período as chuvas tendem a ficar dentro da normalidade na maior parte do país. O destaque fica com a previsão de chuvas acima do normal em áreas do Sul e Sudeste e abaixo em quase todo o Nordeste.
O outono se inicia com altas chances de ocorrência de um El Niño. Alguns institutos meteorológicos, inclusive, já cravam sua atuação nos próximos meses, mas com fraca intensidade. O fenômeno climático é caracterizado pelo aquecimento das águas da superfície do Oceano Pacífico e tende a provocar danos em lavouras agrícolas ao redor do mundo, além de incêndios e inundações.
Arte: Hugo Galdino/Notícias Agrícolas
"Os modelos de previsão climática, gerados pelos principais centros internacionais de Meteorologia, indicam, com uma probabilidade superior a 70%, que o início do outono de 2019 será marcado pela atuação do fenômeno El Niño de fraca intensidade até o início do inverno do hemisfério sul. Esta situação contribui, para que os impactos sobre a precipitação e temperatura no Brasil, não ocorram de forma generalizada e significativa", disse o Inmet.
Por outro lado, não estão descartadas condições associadas ao fenômeno no Brasil, como excessos de chuvas na região Sul e diminuição sobre a parte Norte e Nordeste do país, pondera o instituto meteorológico. Além disso, também pode ocorrer uma tendência de aumento moderado das temperaturas médias na parte central. Em caso de confirmação dessas condições, elas tendem a ser irregulares.
Probabilidade de ocorrência do El Niño ou La Niña nos próximos meses - Fonte: International Research Institute for Climate and Society | Columbia University
"Nos últimos meses, a temperatura das águas do Oceano Pacífico Equatorial manteve-se acima da média. Porém, a partir de novembro de 2018, houve uma expansão de águas mais quentes em toda faixa equatorial do Pacífico, com anomalias acima de 0,5ºC, condição necessária para o estabelecimento do fenômeno El Niño – Oscilação Sul (ENOS)", destacou o Inmet.
Veja a previsão do outono por região e as condições recentes:
Região Norte
A previsão para o outono indica que as chuvas deverão permanecer de normal a acima da climatologia em grande parte da Região Norte, exceto em uma pequena porção que abrange o sul de Roraima, noroeste do Pará e nordeste do Amazonas, onde as precipitações ocorrerão ligeiramente abaixo da média climatológica. As temperaturas deverão ficar dentro da Normal Climatológica a ligeiramente acima da média em toda região. Entretanto, existe a possibilidade de ocorrência dos primeiros episódios de friagem no sudoeste da Região Norte, devido à entrada de massas de ar de origem polar no Brasil.
A Região Norte apresentou um verão bem chuvoso, principalmente no centronorte e oeste do Amazonas, parte norte do Pará e sul do Amapá. As fortes chuvas foram causadas pela presença de áreas de instabilidade, Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN’s), bem como a configuração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a formação da Zona Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Climatologicamente, este período é marcado por chuvas frequentes e intensas, acarretando na subida das águas de rios e igarapés e consequente alagamentos em áreas próximas aos mananciais. Este período é denominado popularmente por inverno amazônico e estende-se até meados de maio, quando a atividade convectiva migra para o noroeste do Brasil.
Região Nordeste
A previsão do modelo estatístico do INMET para o outono indica chuvas de normal a abaixo da média em grande parte da Região Nordeste, sendo que até meados do mês de abril as chuvas devem persistir sobre a parte norte desta área, devido à permanência da ZCIT em sua posição climatológica. Além disto, a diminuição da temperatura das águas próximas à costa nordestina pode reduzir as chances de chuvas até o final do outono. No leste do Nordeste, normalmente existe um aumento gradativo das chuvas entre as estações de outono e inverno, devido à evolução dos Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL). As temperaturas deverão ficar acima da média em toda região, principalmente no semiárido nordestino.
Durante os primeiros meses do ano de 2019, as chuvas sobre os estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, parte da Paraíba e norte do Maranhão foram acima da média. As chuvas intensas causaram muitos alagamentos e transtornos à população, sendo que em algumas capitais, como São Luís, Fortaleza e João Pessoa, os volumes de chuva em fevereiro ultrapassaram a média entre 100 e 200 mm. A formação de áreas de instabilidade na parte norte da Região Nordeste, foram ocasionadas pela combinação do calor com alta umidade do ar, além da atuação dos Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN’s) e aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Nas áreas mais afastadas do litoral, houve uma redução da umidade do ar e elevação das temperaturas.
Região Centro-Oeste
A previsão para o outono, indica uma probabilidade das chuvas ocorrerem dentro da normalidade a ligeiramente acima da média climatológica em grande parte da região, exceto no noroeste de Goiás, onde existe a possibilidade das chuvas serem mais fracas. Ressalta-se que, a partir do mês de maio tem-se o início de período seco na parte central do país. As temperaturas deverão ficar acima da média em toda região, principalmente no leste de Mato Grosso e Goiás. Contudo, não se descarta a possibilidade da ocorrência das primeiras geadas e friagens sobre o Mato Grosso do Sul e sul de Goiás.
Durante os meses de verão, as chuvas são mais frequentes na Região CentroOeste do Brasil, devido à presença de sistemas atmosféricos como a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Entretanto, os episódios de ZCAS foram mais evidentes nos meses de dezembro/2018 e fevereiro/2019. Diferentemente, durante o mês de janeiro/2019, a situação foi atípica e houve a predominânica de sistemas de bloqueios atmosféricos que ocasionaram déficit de precipitação e elevadas temperaturas. Mesmo com o retorno das chuvas sobre áreas do sul de Goiás e Mato Grosso do Sul no mês de fevereiro/2019, a estação de verão foi marcada por volumes de chuva abaixo da média histórica em grande parte da Região Centro-Oeste.
Região Sudeste
A previsão indica que devem permanecer áreas com chuvas dentro da faixa normal ou ligeiramente acima para os próximos três meses. Espera-se que as massas de ar frio passem com maior frequência pela Região Sudeste somente a partir de maio, porém a previsão é de temperaturas acima da média.
Assim como na Região Centro-Oeste, não houve a forte predominância da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) durante os meses de verão, porém as condições de fortes instabilidades provocaram volumes de chuva significativos e condições adversas em algumas partes da Região Sudeste. A ocorrência de tempestades (chuvas e ventos fortes que podem ser acompanhadas de granizo) são normais na região durante todo o verão, porém foi observada em maior frequência no mês de fevereiro. Na parte leste do estado de São Paulo, por exemplo, os meses de janeiro e fevereiro foram marcados por volumes de chuvas entre 250 e 320 mm/mês. Segundo os dados do INMET, somente na primeira quinzena de março já foi registrado um acumulado de 184,6 mm na estação meteorológica da capital paulista, sendo que o valor da média corresponde a 215 mm. Normalmente, existe uma redução das chuvas sobre esta região à medida que se aproxima do outono, dando início ao período seco.
Região Sul
O prognóstico climático para o outono indica que as chuvas ficarão acima da média em toda Região Sul, principalmente sobre a parte oeste. É importante destacar que, existe um aquecimento da área oceânica próxima à costa da Argentina e mais acentuada no sudeste do Brasil, que favorece as condições de instabilidade atmosférica e consequente precipitação nesta área. Aliado a esta situação, tem-se o aquecimento do Oceano Pacífico, caracterizando um El Niño de fraca intensidade que pode acentuar as temperaturas na região nos próximos meses, concordando com a previsão de temperaturas acima da média no outono. Contudo, esta previsão não elimina a possibilidade de ocorrência de geadas, principalmente em áreas serranas, à medida que se aproxima do inverno.
Na Região Sul, os meses de verão apresentaram chuvas irregulares durante toda a estação. Em dezembro/2018 várias localidades do Paraná sofreram com a falta de chuvas e estiagem, enquanto que nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, as chuvas ficaram acima da média. Em janeiro de 2019, os maiores volumes de chuva foram observados na parte sul do Rio Grande do Sul e em algumas localidades choveu mais de 400 mm, quase o triplo da média climatológica para este mês. A passagem de sistemas frontais, bem como a convergência de umidade em baixos níveis favoreceram a ocorrência de chuvas intensas e ventos fortes, entre fevereiro e começo de março, sobre a Região Sul.
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