Seguem chances de El Niño com perspectiva de chuvas volumosas no Centro-Sul e preocupações com Matopiba
Os principais institutos meteorológicos do mundo acompanham a evolução do El Niño. Nesta terça-feira (04), o serviço australiano de meteorologia divulgou que suas previsões estão em nível de alerta para o fenômeno, com chances de 70% de ocorrência nos próximos meses. A possibilidade do evento climático influenciaria as chuvas no Brasil.
"As temperaturas no Oceano Pacífico tropical permanecem acima dos limites do El Niño. Os ventos alísios enfraqueceram na última quinzena, levando a um aquecimento adicional no Oceano Pacífico tropical, mas coletivamente, a atmosfera ainda não mostrou um sinal consistente de El Niño", informou o serviço australiano.
Enquanto isso, o Centro de Previsão Climática do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional) dos Estados Unidos informou no mês passado que as chances de ocorrência do fenômeno estavam em 80% nos próximos meses, com uma condição de baixa intensidade. O período seria referente ao inverno no hemisfério Norte e verão no Hemisfério Sul.
"A previsão oficial aponta a formação de um El Niño fraco, com a expectativa de que a circulação atmosférica acabe por unir com o anômalo calor equatorial do Pacífico", disse o Centro em sua previsão mensal para o El Niño. Para a primavera do próximo ano no hemisfério Norte, há chance de 55% a 60% de El Niño se formar.
Anomalias médias da temperatura da superfície do mar (TSM) (°C) nas últimas semanas - Fonte: The Climate Prediction Center/NOAA
De acordo com Luiz Renato Lazinski, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em entrevista para o Sistema FAEP, a intensificação do fenômeno climático pode impactar o tempo no Brasil. "A chuva não deve faltar. Podemos ter problemas com excessos, mas não com falta no Centro-Sul do Brasil", disse o especialista.
"O El Niño significa chuvas mais abundantes, chuvas melhor distribuídas e temperaturas mais amenas. Se depender do clima, vamos ter mais uma safra muito boa porque o clima deve colaborar", complementou o meteorologista. "Para o Matopiba e Norte de Mato Grosso, a situação é outra, as chuvas nestas áreas, devem ser muito irregulares e abaixo da média, que podem comprometer o desenvolvimento das lavouras".
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Anderson Galvão, da Céleres Consultoria, disse que apesar da condição de chuvas volumosas pelo país neste final de 2018, uma condição mais úmida pode retornar em áreas produtoras do Brasil no início de 2019.
"O histórico de El Niño, não só da Austrália, mas de outros institutos, se começa a temporada com chuvas abundantes, mas em algum momento a partir de janeiro a chuva costuma cortar no Mapitoba", afirma Galvão. "Isso traz uma preocupação porque essa região sofreu bastante com a estiagem", complementa.
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Veja o mapa com previsão de anomalias de precipitação nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro em todo o Brasil:
Fonte: Inmet
Segundo o mapa de previsão de anomalias da precipitação do Inmet, no período de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019, chuvas volumosas são previstas em áreas da faixa central do Brasil. Porém, uma condição de menores volumes é prevista para quase toda a região Sul.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas da superfície do oceano pacífico. No mapa divulgado pelo Centro, é possível ver esse aquecimento sazonal nas águas da superfície do mar em grande parte do Pacífico equatorial.
De acordo com a Reuters internacional, o último aquecimento na temperatura da superfície oceânica no Leste e Centro do Pacífico, evento que ocorre a cada poucos anos, aconteceu entre 2015 e 2016 e causou danos às lavouras, incêndios e inundações repentinas pelo mundo.
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