Outono começa nesta 3ª feira com enfraquecimento da atuação do La Niña, diz Inmet
Previsão de anomalias de precipitação e temperatura média do ar do modelo estatístico para o trimestre abril, maio e junho/2018 - Fonte: Inmet
O outono começa nesta terça-feira (20), às 13h15, no Hemisfério Sul e termina às 07h07 do dia 21 de junho. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a estação é marcada pela redução das chuvas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e no Sul da região Norte e frio, principalmente no Centro-Sul do país. Já na parte Norte das regiões Nordeste e Norte, as chuvas seguem.
"Nesta estação, observam-se as primeiras formações de fenômenos adversos, tais como: nevoeiros nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste; geada nas regiões Sul e Sudeste e no Mato Grosso do Sul; neve nas áreas serranas e nos planaltos da região Sul; e friagem no sul da região Norte e nos Estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e até mesmo no sul de Goiás", informa o Inmet.
Dessa forma, produtores em final de colheita da safra de verão e início do plantio da safrinha devem estar atentos com a condição.
Os modelos de previsão climática indicam que a estação que está chegando nesta terça-feira também será marcada por um gradativo enfraquecimento da atuação do fenômeno climático La Niña e a sua substituição por condições de neutralidade. Já tivemos um verão com temperaturas mais amenas no Centro-Sul, com registro de Geadas em janeiro, fevereiro e março na serra gaúcha e no planalto de Santa Catarina, o que é incomum para a época do ano.
"Entretanto, outros fatores, como a temperatura na superfície do oceano Atlântico Tropical e na área oceânica próxima à costa do Uruguai e da região Sul, poderão influenciar o regime de chuvas no País, dependendo das suas características climáticas durante esta estação", explica o Inmet em seu prognóstico para a estação.
Previsão probabilística para ocorrência de El Niño ou La Niña - Fonte: IRI (International Research Institute for Climate and Society)
Veja o prognóstico climático de outono para todas as regiões do Brasil:
Região Norte
A região Norte apresentou um verão bem chuvoso, principalmente no centro-sul do Amazonas, parte sul e nordeste do Pará e leste do Tocantins. As fortes chuvas foram causadas pela presença de áreas de instabilidade, Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN’s), bem como a configuração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a formação da Zona Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Os níveis dos rios Solimões e Negro encontram-se em cotas regulares para a época. Climatologicamente, a partir do outono, a atividade convectiva migra para o noroeste do Brasil e, desta forma, a previsão para o trimestre de abril-maio-junho/2018 (Figura 2) indica que as chuvas deverão permanecer de normal a acima da climatologia, principalmente no noroeste do Amazonas e Roraima e sudoeste do Pará. Nas demais áreas, as precipitações ocorrerão de normal a abaixo da média climatológica. Existe a possibilidade de ocorrência dos primeiros episódios de friagem no sudoeste da região Norte, devido a entrada de massas ar de origem polar no Brasil.
Região Nordeste
Durante os primeiros meses do ano de 2018, as chuvas sobre a costa norte e leste da região Nordeste foram acima da média, entretanto, os maiores volumes de chuva foram observados em fevereiro sobre o estado do Maranhão. Os episódios de chuva sobre o leste do nordeste brasileiro foram ocasionados pela combinação do calor com alta umidade do ar e a atuação dos VCAN’s. Enquanto que, sobre a parte norte da região, a aproximação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) favoreceu a formação de áreas de instabilidade, especialmente entre o Maranhão, Piauí e o Ceará. Na região do semiárido, após seis anos seguidos de seca, as chuvas voltaram e estão sendo suficientes para melhorar as condições do solo e contribuir para o escoamento dos rios. A previsão do modelo estatístico do INMET (Figura 2) para o outono indica chuvas de normal a abaixo da média em grande parte da região Nordeste, sendo que até meados do mês de março as chuvas devem persistir sobre a parte norte desta área, devido a permanência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) em sua posição climatológica. Além disto, a diminuição da temperatura das águas, próximas à costa nordestina, pode reduzir as chances de chuvas até o final do outono. Porém, em média, no leste do Nordeste existe um aumento gradativo das chuvas entre as estações de outono/inverno, devido a evolução dos Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOL).
Região Centro-Oeste
Durante o verão de 2018, houve episódios bem configurados de Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), que foram consistentes com a predominância de precipitação acima da média histórica na Região Centro-Oeste, principalmente no Mato Grosso e parte sul do Mato Grosso do Sul, onde as chuvas nos meses de dezembro/2017 e janeiro/2018 foram responsáveis pela atual ocorrência de uma grande cheia no Pantanal. No Distrito Federal, a estação chuvosa vem ajudando os reservatórios a recuperar o volume perdido com a crise hídrica. Porém, segundo o Governo do Distrito Federal (GDF), é necessário esperar o fim do período chuvoso para avaliar o nível dos reservatórios e assim dar uma previsão precisa para o fim do racionamento. A previsão para o outono (Figura 2), indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a abaixo da normal em grande parte da região Centro-Oeste, com possibilidade de chuvas fracas, principalmente em áreas do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ressalta-se que, durante o mês de maio inicia-se o período seco da região.
Região Sudeste
Assim como na região Centro-Oeste, a predominância da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) proporcionou volumes de chuva significativos em praticamente toda a Região Sudeste, exceto na parte central de São Paulo. Segundo o histórico do INMET a capital paulista, registrou o quinto verão mais seco, desde 1980. Em média, existe uma redução das chuvas sobre esta região a medida que se aproxima o outono, dando início ao período seco. A previsão indica que devem permanecer áreas com chuvas dentro da faixa normal ou ligeiramente abaixo nesta estação (Figura 2). Espera-se que as massas de ar frio passem com maior frequência pela região Sudeste a partir de maio, diminuindo as temperaturas durante a estação, principalmente no sul de Minas Gerais e São Paulo.
Região Sul
Na Região Sul, os meses de verão apresentaram chuvas com características típicas da influência do fenômeno La Niña, com bastante irregularidade e baixa precipitação, principalmente no Rio Grande do Sul, onde foram registrados volumes inferiores a 400 mm, acumulados durante o trimestre de dezembro/2017 a fevereiro/2018. Já em grande parte dos estados do Paraná e Santa Catarina, os totais de chuva excederam a média, devido a passagem de sistemas frontais e a convergência de umidade em baixos níveis. A temperatura média durante o verão ocorreu dentro da normalidade, exceto na região de Florianópolis, em que a estação do INMET registrou temperatura mínima de 1,4ºC abaixo da média durante o mês de fevereiro/2018, resultando em temperaturas muito baixas para época do ano ao amanhecer e fim da noite. No início do outono são esperadas pequenas reduções na precipitação, entretanto, o prognóstico climático indica chuvas próximas da média na maior parte da região, exceto no nordeste do Paraná (Figura 2). É importante destacar que, caso o aquecimento da área oceânica próximo à costa do Rio Grande do Sul persista, criam-se condições favoráveis para instabilidade atmosférica e consequente precipitação neste estado. Quanto à temperatura, esta tende a declinar à medida que se aproxima do inverno, aumentando a incidência de geadas, principalmente em áreas serranas.
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1 comentário
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elcio sakai vianópolis - GO
Mesmo quando acaba o El Niño ou o La Niña os efeitos no clima não perduram por um tempo, até que outro fenômeno meteorológico venha a prevalecer? Supondo que o fenômeno La Niña perdure até maio deste ano, os efeitos no clima não vão perdurar até aproximadamente agosto deste ano?