"Ciclone bomba" poderá ter efeitos econômicos visíveis nas localidades mais ao Sul dos EUA
O maior impacto do "ciclone bomba" Grayson, que vem afetando os Estados Unidos nos últimos dias, não será sentido, necessariamente, na região Nordeste do país. Como comenta Luis Ballesteros, professor assistente da George Washington University, em um artigo para a Fortune, as consequências mais profundas serão sentidas na parte mais ao Sul do mapa, "onde usar luvas pesadas e botas de neve não é um costume".
Os primeiros dias de 2018 trouxeram a primeira queda de neve para a Costa do Golfo da Louisiana e para a Flórida em 30 anos. Segundo o professor, essas condições climáticas fora do normal aumentam a probabilidade de uma crise econômica.
Os governos locais do sul têm pouca experiência em relação ao preparo para essas emergências e, assim, não possuem recursos essenciais para a recuperação. Além disso, a maioria das casas não possui sistemas de aquecimento e a infraestrutura pública é altamente vulnerável a condições de congelamento. Uma frente fria no mês passado, por exemplo, deixou milhares de clientes sem energia nas Carolinas por vários dias. Os trechos longos de estradas também foram fechados na Flórida esta semana.
Segundo estimativas, o gerenciamento inexperiente ou ineficiente de condições climáticas extremas está associado a uma taxa de 40% de encerramento de empresas locais de imediato e de 70% em dois anos. Ballesteros escreve que este fator está relacionado com a forma com a qual os gerentes desses negócios se preparam para eventos de baixa probabilidade e altas consequências: somente depois de um grave desastre é que a maioria das empresas toma medidas para reduzir as perdas potenciais de um choque adverso para suas operações.
Além disso, as estratégias formais de gerenciamento de risco para tempestades são pouco utilizadas no Sul. A Disney, por exemplo, poderia ter dificuldades para encontrar um seguro de tempestades no inverno. Estes fatores, como analisa o professor, podem gerar consequências financeiras significativas. Ele cita que o Governo Federal vinha servindo historicamente como um importante "motor" das decisões das empresas de investir na preparação ante um choque climático, mas que a administração de Trump vem reduzindo o investimento relacionado a isso.
A dúvida, agora, é como essas condições inesperadas poderão trazer impactos diretos para a economia. Contudo, Ballesteros aposta que se o "ciclone bomba" Grayson se revelar também uma "bomba econômica", as consequências possivelmente serão mais visíveis nas áreas menos acostumadas a condições mais frias: desde o meio do Atlântico até o sul da Flórida.
Tradução: Izadora Pimenta
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