Argentina: falta de água já afeta 80% das principais regiões produtivas

Publicado em 12/12/2017 08:41

Na Argentina, as chuvas caíram no último final de semana, mas novamente foram insuficientes para as regiões do Pampa úmido que estavam com baixas reservas de umidade. Assim, a situação da seca começa a ser cada vez mais notória em várias zonas do país.

Apenas na região agrícola núcleo, que compreende 10 milhões de hectares, há 700.000 hectares que precisam, de maneira urgente, de chuvas para avançar com o plantio de soja e milho. A nível nacional, o déficit estimado é de 80% das principais regiões produtivas. "Comparando a situação de hoje com a de um ano atrás, hoje a falta de água está muito mais generalizada e se estendeu sobre 80% das regiões produtoras da Argentina", disse ao La Nación o chefe do Guia Estratégico para o Agronegócio (GEA) da Bolsa de Comércio de Rosario (BCR), Cristian Russo.

Atualmente, quase todo o norte da província de Buenos Aires, Entre Ríos, Santa Fe, Córdoba e grande parte do noroeste e do nordeste argentino se encontram em condições de escassas reservas hídricas ou seca. No ano passado, os problemas eram mais localizados, se restringindo ao sudeste de Buenos Aires, parte do centro de Córdoba e centro-sul de Santa Fe.

Estado de reserva hídrica no solo - Argentina

Segundo o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) do país, o último mês de novembro foi de cerca de 50% a 80% a menos de chuvas esperadas para o período na zona núcleo. E o que falta ser plantado nessa área corresponde a um volume importante: 50% de milho tardio (de novembro-dezembro) e 40% da soja de segunda etapa. Além disso, o milho plantado em setembro está sentindo a falta de umidade, já que este atravessa o período da floração, que conta com uma grande demanda de água.

"Estamos falando da falta de água nos estratos superficiais do solo, que neste momento determina o avanço dos plantios e o estado do milho precoce, que está a ponto de atravessar sua etapa mais crítica: a floração", explicou Russo. "Neste ano, muitas áreas foram plantadas mais tarde e não alcançaram um crescimento suficiente que permita que sejam exploradas as reservas que há na profundidade do solo", acrescentou. Na semana passada, 100.000 hectares de cultivo se encontravam entre condições regulares a ruins.

Em um boletim, o Escritório de Risco Agropecuário (ORA) do Ministério da Agroindústria do país deu conta de que, com a exceção de Misiones, onde as chuvas superaram os 60mm, os volumes na maior parte da região dos Pampas foram inferiores a 10mm.

Segundo este boletim oficial, a semana será "muito variada" em questão de intensidade de chuvas para todo o país. Para a BCR, nos próximos quinze dias as chuvas estarão abaixo do normal, enquanto a Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), por meio de seu chefe de estimativas agrícolas, Esteban Copatí, não vê que a situação seja tão desesperadora até o momento, já que em alguns casos, mesmo com as chuvas abaixo do esperado, a umidade foi sendo recomposta, como ocorreu em alguns setores de Córdoba. "Não é algo generalizado, mas se as chuvas não vierem até o final de dezembro, a situação vai ficar complicada", destacou Copatí.

Pablo Mercuri, diretor do Centro de Pesquisa em Recursos Naturais do INTA, aponta que, salvo o sudeste de Buenos Aires e algumas áreas do sul desta mesma província, "praticamente toda a região dos Pampas apresenta uma situação deficitária". Ele disse que mais de 50% da zona núcleo de Córdoba, Santa Fe e Buenos Aires e o sul da região Mesopotâmica apresenta uma situação de reservas de água útil escassas ou de seca edáfica. Nos outros 50%, há reservas regulares "já não adequadas para o crescimento dos cultivos de plantio precoce ou para o plantio do restante da safra de verão".

Tradução: Izadora Pimenta

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Fonte:
La Nación

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