Chuvas fortes dos próximos dias nos EUA podem reduzir ritmo do plantio
O clima nos Estados Unidos assume cada vez mais o foco dos negócios no mercado internacional de grãos. As próximas semanas deverão ser de mais chuvas no Meio-Oeste americano e, diante dessas novas previsões, os produtores trabalham para dar ritmo ao plantio da safra 2017/18 e aproveitar as janelas de tempo mais seco.
Em um reporte divulgado nesta semana, o instituto meteorológico Commodity Weather Group (CWG) informou que a formação de um El Niño fraco - possibilidade que vem sendo trabalhada pelos especialistas - poderá trazer um padrão de tempo mais úmido do que o normal para o verão dos Estados Unidos.
O boletim dá conta ainda de que, apesar do impacto negativo sobre o ritmo do plantio da nova safra, a produção do país poderia ser beneficiada ao ser cultivada com bons índices de umidade.
"As porções centro e sudoeste do Meio-Oeste corre o risco de contar um ritmo mais lento do que a média na semeadura do milho e da soja, mas as chuvas trazem umidade ao coração do Corn Belt até o verão. Durante a estação, as temperaturas tendem a se mostrar mais elevadas no leste dos Estados Unidos, mas sem muitas mudanças expressivas para o Corn Belt", informa a CWG.
Previsão do Tempo
Novas chuvas já começaram a chegar ao Meio-Oeste dos Estados Unidos nesta terça-feira (25), podendo trazer lentidão ao plantio novamente. "Precipitações devem rapidamente retornar à região oeste do Meio-Oeste, ao leste das Planícies e ao norte do Delta do meio para o fim desta semana", diz Don Keeney, do serviço meteorológico MDA, em entrevista ao site britânico Agrimoney.
Nos próximos 7 dias, segundo mostram as projeções da AgResource Brasil, as chuvas deverão ser bastante intensas, com acumulados que podem chegar a até 200 mm nos estados do Missouri, Arkansas e na metade sul de Illinois.
"A ARC Brasil alerta que tais chuvas podem causar pequenas inundações localizadas e encostamento do solo – visto que a maioria dos solos norte-americanos apresentam textura com alto teor de argila. Solos com saturação de chuvas junto com temperaturas mais frias do que o normal poderá atrasar o plantio e a emergência da soja e milho no país. O padrão climático para este fim de mês nos EUA não é o que o melhor cenário para o produtor das regiões afetadas", informa o relatório da consultoria.
Nas previsões para os próximos 30 dias, as chuvas aparecem menos frequentes e menos intensas no Meio-Oeste americando, podendo, inclusive, ficar abaixo do normal para esta época do ano em partes de Iowa Missouri, Illinois, Indiana e Arkansas. No mesmo período, as temperaturas deverão ficar acima da média em todo o Corn Belt. Os mapas a seguir são da AgWeb.
Já nas previsões dos próximos 90 dias, as chuvas deverão ficar dentro da média, intervalo onde as temperaturas ainda deverão ficar acima da média para a época do ano.
Avanço do Plantio
Até o último dia 23, a semeadura da soja estava concluída em 6% da área estimada - o dobro do registrado no mesmo período do ano passado e da média plurianual - enquanto a área do milho já estava 17% plantada, contra 28% de 2016 e 18% de média.
Segundo pesquisadores do USDA em Illinois, o bom avanço semanal registrado pelo milho - de 11 pontos percentuais - se deu em função das chuvas mais brandas da última semana em relação às anteriores, além de temperaturas que ficaram ligeiramente acima da média para o período.
Além do clima, ainda mais tecnologia tem sido utilizada pelos americanos nesta temporada e isso deverá dar ainda mais velocidade aos trabalhos de campo, segundo relatam especialistas internacionais.
Mercado
Para o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, os 6% de plantio da soja no último reporte do USDA foram bastante surpreendentes - em função da condição climática do Corn Belt - e são informações como estas que estarão no foco dos negócios a partir deste momento.
A volatilidade típica esperada para este período da temporada, como explica o consultor, deverá, portanto, trazer algumas oportunidades para vendas, inclusive para o produtor brasileiro nestes próximos meses. "Ele deve encontrar espaço para participar do mercado entre maio e agosto, mas não pode se precipitar para vender muito rápido, tem que ir participando aos poucos", diz.
Fernandes afirma ainda que os próximos 30, 60 e 90 dias serão fundamentais para o produtor brasileiro. "Mas, para trazer uma projeção mais alinhada dos preços, será preciso esperarmos o dia 10 de maio, quando o USDA traz seu novo boletim mensal de oferta e demanda, devendo trazer as primeiras projeções para nova safra americana", completa.
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