EUA: Chuvas continuam no Meio-Oeste e comprometem avanço da safra 2015/16
O cenário climático no Meio-Oeste americano continua preocupando os produtores locais. Há um excesso de chuvas generalizado pelo Corn Belt, principal região produtora de grãos do país, e os trabalhos de campo da safra 2015/16 estão comprometidos, podendo ocasionar até mesmo a necessidade do replantio de algumas áreas.
Para a próxima semana, as previsões indicam mais chuvas fortes para o Meio-Oeste e para Grandes Planícies, renovando o risco de inundações nessas áreas. Algumas regiões já enfrentam essa rodada de intensas precipitações desde o início de maio. Determinadas localidades podem receber mais de 150 mm de chuvas nos próximos dias, até segunda-feira (15), segundo explica o meteorologista sênior do instituto norte-americano AccuWeather, Alex Sosnowski.
"Uma trégua no padrão chuvoso que foi observada no início desta semana foi insuficiente para adiar ou aliviar o aumento de novos rodadas de chuvas fortes e o risco de cheias nos próximos dias", disse Sosnowski.
Nesta sexta-feira (12), uma nova área de fortes chuvas e tempestadas deve crescer do centro-leste do Colorado ao centro de Kansas, oeste de Oklahoma e partes do Norte do Texas. Durante o final de semana, as precipitações devem se encaminhar à direção nordeste do país, chegando às Planícies e à parte superior do Meio-Oeste.
"De sábado à segunda-feira, há a possibilidade de mais chuvas espalhadas e inundando regiões se alargando em uma faixa do noroeste do Texas à uma grande parte de Wisconsin e pedaços de Michigan", disse Kristina Pydynowski, que também é meteorologista sênior do Accuweather.
EUA - Risco de Inundações - Fonte: AccuWeather
O boletim sobre o mercado climático da agência internacional DTN reforçou essas chuvas intensas no Meio-Oeste americano, destacando os estados de Iowa, Illinois e Kansas, e divulgou ainda o registro de áreas inundadas nas Planícies do Sul e no leste do Corn Belt.
Paralelamente, informou também que as temperaturas um pouco mais frias nos próximos dias devem contribuir para esse desenvolvimento mais lento da safra 2015/16.
EUA Chuvas para os próximos 7 dias - Fonte: DTN The Progressive Farmer
De acordo com o último relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), até o último domingo (8), o plantio da soja já havia sido concluído em 79% da área, contra 86% do mesmo período do ano passado e 81% da média dos últimos cinco anos. E essa diferença é claro reflexo das adversas condições de clima das últimas semanas.
O atraso em determinados estados, porém, era ainda mais expressivo, como Iowa, por exemplo, onde a semeadura já havia sido feita em 78% da área, contra 97% de 2014, e no Kansas, o índice desse ano era de 21% contra 81% do ano anterior. No Missouri, este ano o total era de 23% contra 80% na temporada anterior.
Assim, já começam a ser noticiadas em sites internacionais a possibilidade dos campos norte-americanos em diversas localidades sofrerem a necessidade de serem replantados.
Para o milho, porém, o quadro é menos preocupante, segundo informam analistas. Com o plantio quase concluído e mais de 70% da lavouras em boas ou excelentes condições, a atenção agora é para o desenvolvimento dessas plantas em tanta umidade e solos encharcados. Os números do USDA mostram que, até o último domingo (7), 91% das lavouras já haviam emergido, índice que fica dentro da média e em linha com o total de 2014.
No entanto, os analistas - tanto internacionais quanto nacionais - afirmam que, por hora, essas precipitações ainda se mostram benéficas para o desenvolvimento do cereal e que, por conta disso, nesse caso, são um fator de pressão para as cotações na Bolsa de Chicago, ao contrário do que acontece com a soja.
Em uma análise do site americano AgWeb, analistas e produtores se perguntam se com esse cenário climático e os preços dos grãos em baixa ainda vale a pena continuar plantando ou fazer o replantio nessa fase final dos trabalhos de campo. De 1998 a 2014, na média, 28% da área de milho foi plantada mais tarde, depois de 15 de maio.
"Todos os dias após 15 de maio você começa a pensar em perder produtividade. E isso se torna mais real quando chega junho e, se você plantar mais tarde, acentua ainda mais as possibilidades de perder seus rendimentos", disse o gerente de risco da norte-americana Advance Trading Inc à AgWeb.
Impactos do Clima
"O plantio tardio que excede a média no mínimo de cinco pontos poderia resultar em uma redução de 1,5 bushel por acre na média nacional de produtividade do milho", explicou o professor da Universidade de Illinois, Darrel Good.
Ele acredita que 18% da área do cereal pode ter sido semeada mais tarde, o que significa dizer que o rendimento das lavouras americanas poderia registrar um aumento de 2,89 bushels na média, o que leva o esperado a 166,9 bu/acre, ou 176,65 sacas por hectare.
O professor espera que as atuais condições de clima impactem também as lavouras de soja, porém, de forma menos severa. O principal impacto, ainda segundo Good, seria a necessidade do replantio de algumas áreas. "Porém, as projeções para a produtividade da oleaginosa ainda continuam, em geral, muito boas para todo os Estados Unidos", afirma o professor.
Darrel Good afirma ainda que se o atraso no plantio se alongar muito, os produtores poderiam se beneficiar do seguro agrícola.
Além disso, ele alerta ainda para o fato de que o atraso no plantio é somente um dos fatores que podem prejudicar a produtividade das lavouras, sem esquecer das temperaturas que serão registradas em julho e do volume de chuvas em estágios determinantes de desenvolvimento das plantas.
Com informações dos sites AccuWeather, Farm Futures, DTN The Progressive Farmer e AGWeb
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