Minerva vê risco sanitário como entrave injustificado para comércio
Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) – Barreiras ligadas a temas de sanidade animal continuam a representar entraves ao comércio global de carne bovina, disse o diretor de Relações Institucionais da Minerva, João Sampaio, nesta terça-feira. Para dar um exemplo, Sampaio citou a Turquia, que se recusa a importar carne bovina do Brasil, mas compra gado vivo do país.
“Eles não importam carne bovina, alegando o risco de febre aftosa”, disse ele durante uma discussão sobre saúde animal. “Mas a Turquia importa gado vivo, o que é ainda mais arriscado”, acrescentou. A Turquia prefere importar gado vivo e abater o animal internamente por questões religiosas, segundo Sampaio. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) descreve a febre aftosa como “uma doença viral grave e altamente contagiosa do gado que tem um impacto econômico significativo”.
Em 2018, a OIE declarou o Brasil, o maior exportador mundial de carne bovina, livre de febre aftosa com vacinação. Este ano, o Ministério da Agricultura decidiu suspender a vacinação contra a febre aftosa em seis Estados a partir de novembro de 2022, segundo a Agência Brasil. Isso significa que 113 milhões de bovinos e bubalinos deixarão de ser vacinados, o que corresponde a quase 50% do rebanho total do país, disse a Agência Brasil citando o ministério.
A suspensão faz parte de um programa para ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação. A meta do governo brasileiro é que o país fique totalmente livre da doença sem vacinação até 2026. A Indonésia é outro mercado com o qual o Brasil pode aumentar o comércio de carne bovina, disse Sampaio, citando que aquele país importa seletivamente carne bovina brasileira, mas proíbe certas plantas e locais, citando preocupações zoonóticas. “Agora, a Indonésia enfrenta um surto de febre aftosa”, disse Sampaio.
O problema sanitário ocorre em um momento em que as importações indonésias de gado vivo da Austrália caíram, prejudicando o abastecimento interno. “Precisamos negociar mais, abrir mais mercados”, disse Sampaio.
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