Carne bovina do Brasil pode alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, proteger a Amazônia e o Cerrado
Encontros virtuais promovidos pela TFA (Tropical Forest Alliance) tem reunido atores de toda a cadeia envolvida na produção e comercialização de carne bovina do Brasil e da China, para a discussão da pecuária sustentável e responsável nas regiões do cerrado e da Amazônia brasileira. Uma avaliação destes encontros e sobre a importância da confluência entre sistemas alimentares e conservação florestal na relação Brasil-China para promover uma cadeia da pecuária mais sustentável e produtiva está nos vídeos recém-lançados pela TFA em suas plataformas digitais - Como as organizações estão atuando para promover a transição sustentável da pecuária brasileira? e Como funciona o diálogo Brasil-China em direção ao desmatamento zero, saúde e segurança alimentar.
"Os diálogos estão construindo um roadmap que aponta o caminho para a introdução de ações públicas e privadas que garantem uma carne saudável e livre de desmatamento, e que possa, de fato, pautar as relações comerciais entre Brasil e China", afirma Fabíola Zerbini, Diretora da TFA para a América Latina. "Isso requer três principais frentes de ação: a rastreabilidade, que vai dar a transparência que assegura que essa carne não está associada ao desmatamento; os mecanismos financeiros, para atrair recursos que elevem o padrão da pecuária brasileira a um novo patamar de qualidade social e ambiental; e um business case, no qual as relações comerciais efetivamente aconteçam pautadas por essa nova ótica. Para além disso tudo, um acordo governamental Brasil-China, objetivo de médio a longo prazo, pode ser alcançado quando os governos dos dois países entenderem o potencial de aumento das suas relações comerciais a partir de um produto que atende a todos estes requisitos de qualidade".
Para Maria Elena Varas, Líder da área de Parcerias Regionais no World Economic Forum, "Os Diálogos Brasil-China trazem um exemplo muito concreto e valioso de como parcerias inovadoras entre diversos stakeholders podem fazer a diferença, acelerando soluções para os desafios alimentares mais urgentes do mundo".
"Precisamos mudar o pensamento e a abordagem para realmente criar esse entendimento de que a adoção dessas novas práticas para os pecuaristas não só protegerá a floresta como também aumentará a sua renda de forma sustentável", acrescenta Lisa Sweet, Líder da área de Futuro da Proteína e Saúde Alimentar no World Economic Forum.
De fato, a abordagem casada entre sistemas alimentares e combate ao desmatamento é essencial para o futuro positivo das florestas e da agricultura, via ações coletivas que garantam segurança alimentar, qualidade sanitária e, ao mesmo tempo, protejam as florestas e incluam, produtivamente, comunidades e pequenos produtores.
"Sustentabilidade e qualidade sanitária, ainda mais nos tempos de Covid e pós-Covid, são agendas entrelaçadas e que estão na pauta de qualquer discussão de acordos globais climáticos ou de segurança alimentar", explica Fabíola Zerbini. "Para a pecuária brasileira, isso pode representar um ganho de posicionamento junto ao mercado chinês, que está cada vez mais interessado e exigindo esse tipo de requisito de qualidade para as suas compras. A pecuária brasileira precisa somar, aos protocolos de qualidade que já regulamentam a produção e a exportação de carne do Brasil para a China, o protocolo ambiental da produção livre de desmatamento, que proteja a Amazônia e o cerrado brasileiro e simultaneamente, assegure a segurança alimentar do consumidor chinês".
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do planeta: foram 2,6 milhões de toneladas exportadas em 2020, o que equivale a 24% de todo o volume exportado do produto, no mundo. Em relação à China, nos últimos 20 anos, a exportação de carne bovina brasileira cresceu em dez vezes. Hoje, 35% de toda a carne bovina importada pela China vem do Brasil.
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