Preço elevado coloca em risco a demanda de carnes; no mundo inteiro!
Um salto nos preços das carnes está forçando as famílias, do Brasil às Filipinas, a comprar menos, fazendo com que ganhe força uma mudança mais ampla nos hábitos alimentares, baseada em vegetais.
Nos EUA, as vendas de carne em supermercados caíram mais de 12% em relação ao ano anterior. Na Europa, a demanda geral por carne bovina deve cair 1% este ano. E na Argentina, lar de uma das populações mais carnívoras do mundo, o consumo per capita de carne bovina caiu quase 4% desde 2020.
Embora alguns desses números possam parecer pequenos, até mesmo um declínio tênue corresponde a uma raridade no mundo da carne que, até a pandemia do ano passado, registrou um crescimento de anos no consumo para recordes sempre inéditos. Agora a demanda está diminuindo em todo o mundo, o que pode sinalizar o início de uma nova mudança ampla no consumo da proteína animal.
O maior obstáculo à demanda tem sido uma escalada implacável dos preços iniciada em outubro, impulsionada globalmente pelo aumento no custo da ração animal e por interrupções na cadeia de abastecimento. O indicador de preço global da carne das Nações Unidas subiu por oito meses consecutivos (a maior sequência desde 2011) e está perto de um recorde de vários anos. O choque de preços chega em um momento em que os consumidores ainda estão lidando com as consequências econômicas da Covid, forçando famílias do Brasil às Filipinas a comprar menos e a buscar outras proteínas, como ovos, se puderem, ou, em vez disso, apenas encher seus pratos com arroz ou macarrão .
Para Eudelia Pena, 48, que mora em Nova York com o marido e um dos três filhos, a carne se tornou um luxo. Os preços da carne bovina moída no varejo nos EUA subiram cerca de 6% desde antes da pandemia, enquanto os frangos inteiros subiram cerca de 9% e as costeletas de porco saltaram 13%, para cerca de US $ 3,88 o quilo em maio, mostram dados do governo. Isso está tornando a proteína animal quase inacessível para a família de Pena, cuja renda retrocedeu depois que ela perdeu o emprego em uma loja de roupas.
“Com o que gasto hoje, não trago de volta nem a metade do que comprava”, disse ela. “Eu adquiria dois frangos. Agora eu só compro um e divido ao meio.”
Mas a demanda já havia diminuído com as crises financeiras anteriores, apenas se recuperava. O que é diferente agora, naturalmente, é o “boom” baseado nos vegetais. Mais consumidores estão optando por renunciar à carne por causa de preocupações com o meio ambiente, o bem-estar animal e a saúde. E essa mudança não se limita apenas aos adeptos da dieta da moda na Califórnia ou aos descolados do leste de Londres. Cada vez mais, está sendo adotada em todo o mundo e em todos os grupos de renda. Tanto que duas forças distintas – a da inflação e a das tendências alimentares – estão agora se unindo e sinalizando uma mudança sísmica no consumo mundial de carnes.
“A carne está sob ameaça. Como, possivelmente, jamais aconteceu”, afirma Tom Rees, um dos gerentes, em Londres, da empresa de pesquisa de mercados Euromonitor International.
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