JBS mira processados nos EUA e distribuição na Ásia para ampliar margens, diz Tomazoni
SÃO PAULO (Reuters) - A JBS tem como prioridade melhorar as margens do grupo, algo que o novo presidente-executivo da maior processadora de carne do mundo, Gilberto Tomazoni, quer promover com medidas que incluem expansão de produtos de maior valor agregado nos EUA e de sua cadeia de distribuição na Ásia.
Nomeado na véspera ao principal posto da JBS, Tomazoni afirmou a analistas nesta quarta-feira que a listagem de operações da companhia nos Estados Unidos continua sendo uma das principais prioridades do grupo, mas "no momento adequado".
"Estamos muito entusiasmados com oportunidade que temos em produtos de valor agregado nos EUA (...) É a nossa maior oportunidade", disse o executivo sem dar detalhes durante breve teleconferência.
"As margens do grupo, em geral, são boas, mas como qualquer negócio, há oportunidade de melhoria. Nosso foco nisso está no centro da estratégia. Para capturar melhorias em oportunidades de mix, precisamos de organização eficiente e ágil. Temos foco específico em produto de valor agregado, isso vai ter impacto significativo nas margens", disse Tomazoni, que ingressou na JBS em 2013 depois de longa experiência na Sadia, da BRF, e passagem pela Bunge.
Antes de assumir o posto de presidente-executivo global da companhia formada por 230 mil funcionários e com faturamento de 180 bilhões de reais, Tomazoni era vice-presidente global de operações da JBS, cargo que será extinto com sua promoção, disse o executivo.
"Tenho uma abordagem de tolerância zero em governança e compliance", afirmou Tomazoni, que avançou na organização da JBS após prisão dos controladores da empresa, os irmãos Joesley e Wesley Batista em 2017, em meio aos desdobramentos da operação Lava Jato, da Polícia Federal. Segundo ele, as mudanças na gestão da companhia são "oportunidade para a JBS avançar em governança e compliance".
As ações da JBS subiam 4,7 por cento às 11h23, liderando as altas do Ibovespa, que avançava 0,5 por cento.
De acordo com os analistas Leandro Fontanesi e Rafael Sommer, do Bradesco BBI, Tomazoni já era considerado o principal executivo da JBS e a nomeação dele como presidente-executivo global da empresa é "um passo natural para a empresa, mas ainda um passo importante para preparar a JBS para um IPO nos EUA em 2019".
Questionado sobre o IPO, que foi frustrado em meio ao escândalo gerado pelas delações premiadas dos Batista, Tomazoni não deu detalhes sobre quando a operação poderia ocorrer. Ele, porém, afirmou que Gilberto Cavalcanti, nomeado vice-presidente financeiro da JBS nesta quarta-feira, terá "papel importante" na operação.
Cavalcanti vai assumir a posição na JBS em 15 de janeiro. Antes de embarcar na companhia, o executivo era vice-presidente financeiro da produtora de celulose Fibria.
Além do foco em produtos de valor agregado, a JBS pretende ampliar sua presença na Ásia, disse Tomazoni, que cita o continente como um "importante mercado de exportação para a JBS", capaz de criar uma oportunidade de expansão "muito significativa" para o grupo.
Há alguns dias, a JBS anunciou acordo de três anos, avaliado em 1,5 bilhão de dólares, com a gigante chinesa de comércio Alibaba. A parceria envolve a distribuição de carne na China por meio de negócios junto a clientes corporativos e consumidores finais.
(Por Alberto Alerigi Jr., com reportagem adicional e edição de Paula Arend Laier)
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