Brasil deve retomar embarques de carne bovina à China já em junho, diz Abiec
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - A retomada dos embarques de carne bovina do Brasil para a China deve ocorrer já em junho, a partir de abatedouros da JBS, Marfrig e Minerva, projetou a associação que reúne os grandes frigoríficos brasileiros.
O Ministério da Agricultura do Brasil anunciou na terça-feira, durante visita de uma comitiva chinesa, a habilitação das oito unidades de abate de bovinos que estavam suspensas desde um embargo imposto pelo país asiático em dezembro de 2012.
"Era o anúncio que a gente estava esperando. Já tem o protocolo sanitário, e oito plantas que a gente tinha aprovado antes do embargo voltam imediatamente a poder exportar" disse à Reuters nesta quarta-feira o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio.
Segundo ele, estão habilitadas inicialmente cinco unidades da JBS, duas da Marfrig e uma da Minerva, as mesmas que estavam exportando em 2012.
"Não tem cota, não tem restrição nenhuma. A última etapa é o texto do certificado sanitário que acompanha a carga... isso o ministério já está montando... Assim que esse certificado estiver pronto, e é questão de dias, os embarques já podem acontecer", afirmou o executivo.
Em 2012, o Brasil exportou para a China 17 mil toneladas de carne bovina. Mantido o ritmo visto naquele ano, mas com preços de hoje, o país poderia faturar cerca de 35 milhões de dólares com as vendas para a China no segundo semestre, segundo cálculos da Reuters.
"É um volume pequeno, comparado a outros mercados que a gente tem, mas naquele momento que houve o embargo (as exportações) estavam em franco crescimento".
A China importa atualmente cerca de 300 mil toneladas por ano de outras origens, segundo a Abiec, o que reforça a importância estratégica da reabertura do mercado do país mais populoso do mundo.
"A gente vai entrar numa briga por esse share", afirmou Sampaio.
No acumulado dos primeiros quatro meses do ano, o Brasil exportou mais de 426 mil toneladas de carne bovina para todos os destinos, queda de 15 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado. O faturamento no período somou 1,8 bilhão de dólares, 17 por cento menos que no mesmo período do ano passado.
Em abril, os países que registraram as maiores reduções foram Hong Kong --principal destino da carne bovina do Brasil este ano--, Egito e Chile.
A Abiec afirma que a reabertura da China não tem relação com queda nos embarques para a vizinha Hong Kong, tratando-se de um mercado adicional que poderá compensar perdas nas vendas para outros destinos.
"A gente não acredita que a demanda em Hong Kong vá diminuir por causa dessa abertura", afirmou Sampaio.
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