Café sob pressão: Como as novas tarifas americanas podem redesenhar o fluxo Global da commodity
Nesta semana, o presidente americano Donald Trump anunciou a imposição de novas tarifas sobre diversas economias ao redor do mundo, impactando diretamente o mercado global de commodities. Para o setor cafeeiro, o anúncio chega em um momento particularmente sensível: estoques baixos em países produtores e consumidores, oferta restrita diante de uma possível quebra da safra arábica no Brasil e incertezas crescentes em relação à demanda.
Com os Estados Unidos sendo o maior consumidor mundial da bebida, a perspectiva de tarifas sobre importantes exportadores — incluindo tanto países produtores quanto regiões que comercializam café processado — acende um alerta para potenciais impactos na dinâmica de preços, consumo e fluxos comerciais ao longo de 2025.

Do lado dos produtores, as tarifas anunciadas variam significativamente entre as origens, com potenciais impactos distintos para o mercado. Para a maior parte dos países exportadores de café arábica — como Brasil, Colômbia, Peru, além de nações da América
Central e da África Oriental — foram aplicadas tarifas-base de 10%. Embora isso deva pressionar os preços globais do café, o fato de a taxação ser relativamente uniforme entre essas origens pode limitar mudanças significativas na competitividade entre elas, pelo menos no curto prazo.
O cenário é mais sensível para o café robusta. Vietnã e Indonésia, dois dos principais fornecedores dessa variedade ao mercado americano, foram incluídos na lista dos países com tarifas mais severas. No caso vietnamita, a taxa pode chegar a até 46%, contrastando com os 10% aplicados sobre o conilon brasileiro.
De acordo com Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint, considerando que os países asiáticos ainda representam a maior parte das importações americanas de robusta/conilon, essa diferença pode alterar o equilíbrio do mercado. “Com os cafés asiáticos sujeitos a preços mais altos, a demanda dos EUA pode se deslocar para origens com taxação mais baixa, como Brasil e Uganda — ao passo que o excedente de grãos asiáticos poderia ser redirecionado para outros destinos”, afirma.
“Além dos países produtores, regiões que atuam como exportadores de café processado, como a União Europeia, também estão na mira das novas tarifas. A possível imposição de taxas sobre exportações da UE — em contraste com países como o Reino Unido, que também exporta café industrializado — pode gerar novas mudanças nos fluxos comerciais nos próximos meses”, destaca Laleska.


Além dos aspectos relacionados ao fluxo comercial, as taxações americanas tendem a gerar um maior impacto na demanda de café do país. Nos EUA, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) para o café vem se elevando desde o fim de 2024 para todas as classes de café, chegando ao seu maior nível em fevereiro deste ano.
Com as novas taxações impostas pelo governo americano a tendência é de novo aumentos dos preços. Não apenas o café, mas os preços de outros produtos também podem se elevar nos próximos meses, aumentando o custo de vida dos americanos, com crescente temores de uma recessão na economia.
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