Faltando café nas outras origens? Embarques de cafés do Brasil para países produtores disparam
O mercado de café continua nervoso, os preços ainda apresentam oscilação significativa, valores recordes e o cenário não deve apresentar grandes mudanças no médio prazo. Do lado dos fundamentos, a grande incerteza em relação à oferta global do produto é o que justifica tamanha valorização nas bolsas de Nova York e Londres.
A safra brasileira é mais rápida e apesar das dúvidas em relação ao rendimento, os trabalhos continuam andando sem grandes problemas no campo. Nas demais origens, no entanto, o cenário não é diferente: ainda existe muitas perguntas sem repostas em relação à produção em importantes origens.
O Brasil segue abastecendo grande parte do mercado internacional e com as mudanças climáticas alterando o ritmo de produção, abastece também outros importantes países produtores de café.
Os dados mais recentes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostraram avanços expressivos nos embarques, sobretudo para os países produtores de robusta.
Entre janeiro e junho, o Vietnã comprou 458% a mais do Brasil, com o embarque de 275.134 sacas. A Indonésia teve avanço de 97,2%, com a compra de 79.858 sacas. O México, que detém importante plantas de solúvel no país, registrou avanço de 609,5%, com a compra de 469.991 sacas.
"O Brasil deve continuar com volume de exportação significativo para esses países, como por exemplo Vietnã e Indonésia que continuam tendo problemas na safra. O Vietnã não vai chegar ao potencial de números que já conhecemos no mercado", disse Márcio Ferreira Cândido, presidente do Cecafé durante coletiva realizada nesta quarta-feira (10).
O presidente ressalta ainda o importante espaço que o café brasileiro conquistou recentemente. "O melhor café o que te dá resultado do ponto de vista financeiro e que agrada ao consumidor final. A partir do momento que o Brasil consegue se inserir como fornecedor, até para essas outras origens, temos oportunidades. Sim, o Brasil vai continuar fornecendo café para os países produtores em grande escala", afirma.
TIPOS DE CAFÉ
De julho de 2023 a junho de 2024, o café arábica, com 35,431 milhões de sacas, segue como o mais exportado pelo Brasil. Esse montante representa 74,9% do total e implica alta de 16,7% na comparação com o ano safra 2022/23.
A espécie canéfora é o principal destaque do período, elevando sua participação para 17,4% do geral. Na temporada cafeeira 2023/24, foram embarcadas 8,238 milhões de sacas dos cafés conilon e robusta brasileiros, o que representa uma substancial alta de 461,1% ante idêntico intervalo anterior.
O segmento do café solúvel, com 3,585 milhões de sacas – queda de 4,7% e 7,6% do total –, e a seção do produto torrado e torrado e moído, com 45.445 sacas (-5,2% e 0,1% de representatividade), completam a lista.
“A performance recorde dos cafés canéforas resulta de investimentos de décadas em pesquisa e tecnologia, que elevaram a qualidade e a produtividade, através de cultivo sustentável, possibilitando que essa espécie e suas variedades possuam volumes e atributos sensoriais para o Brasil ampliar seu share no mercado global, atendendo à crescente demanda mundial. Em menor proporção, os arábicas também vêm desempenhando esse papel”, avalia o presidente do Cecafé.
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