Café: Safra 24 traz desafios com peneira mais baixa, mas é o momento do produtor arrumar a casa
Confirmando as previsões anteriores, a safra 24 de café do Brasil está começando mais cedo em algumas regiões de arábica. As floradas irregulares e as condições climáticas favoreceram a maturação dos frutos e em áreas como sul de Minas Gerais, Cerrado Mineiro e Alta Mogiana alguns produtores já estão com café no terreiro.
Para Alysson Fagundes, engenheiro da Fundação Procafé, a safra de 2024 será mais uma repleta de desafios para o produtor, mas com a projeção de ser mais positiva do que a anterior e com o cenário atual de preços, o produtor precisa estar atento para, enfim, começar a colocar a casa de ordem.
De acordo com o especialista, no sul de Minas Gerais, nas áreas mais quentes a colheita já está mais adiantada com os produtores na quarta semana de colheita, enquanto nas áreas mais frias o produtor ainda começa a avançar com os trabalhos. "O que chama atenção geral é a peneira muito ruim, isso já mostra que vai ter impacto significativo no rendimento da safra, é um café de peneira menor, isso já está claro no sul de Minas como um todo", afirma.
Alysson atribui o fator da peneira mais baixa às condições climáticas registradas entre os meses de outubro e dezembro. "O café não teve o crescimento que precisava ter, faltou água e altas temperaturas, aí o café não consegue crescer dentro da normalidade", explica.
Assim como vem sendo observado de norte a sul no Brasil, as temperaturas estão mais quente neste outono, o que tem feito com que o café fique menos tempo no terreiro para o processo de secagem. "O café está chegando no terreiro como nunca foi visto antes, sem precisar ir para os secadores. É algo que chama atenção. Os terreiros estão vazios, mas não por baixa quantidade de café, mas porque o café não para no terreiro. Passa muito rápido, vai pra tulha e beneficiamento, é algo totalmente atípico para a região", afirma.
Os dados oficiais da Conab apostam em uma safra de 40,75 milhões de sacas de arábica, com alta de 2% na produtividade em comparação com o ciclo anterior. "Ainda é uma safra boa e com o preço atual, eu acho que o cafeicultor vai arrumar a casa, vai arrumar a vida. O cafeicultor que não arrumar a vida com a safra 24, não arruma mais", afirma.
Nas áreas de atuação da Minasul, a cooperativa já começou a receber a safra 24, mas segundo José Marcos Magalhães o período é considerado dentro do ideal, mas alerta também para uma safra de peneira mais baixa.
"Nós esperavámos pelas chuvas que aconteceram um enchimento de grãos mais adequado, mas os primeiros grãos estão baixos. Hoje está no máximo peneira 14, normalmente no começo da safra é baixo, mas estamos achando pouco mais baixo que a média. Esperamos que a peneira melhore agora com as outras floradas que aconteceram", afirma.
Se o momento é ideal para acertar as contas, o produtor de fato está aproveitando o bom momento para os preços. "O produtor está trazendo o café e vendendo. Existe uma expectativa que o preço se mantenha em função do desastre do Vietnã, mas o seguro morreu de velho, então a gente nota uma certa ansiedade para vender o café para quitar os compromissos", afirma o presidente. Ressaltando ainda que o café é única commoditie que vem apresentando boa relação de troca e que por isso, o cafeicultor também tem aproveitado todos os cenários.
Na região da Alta Mogiana, William Freiria - gerente de negócios da Cocapec, afirma que para a aproveitar a alta nos preços alguns produtores anteciparam a colheita, mas que ainda acontece de forma muito tímida. É importante ressaltar que nessa área devido as condições climáticas dos últimos anos, o ciclo inverteu e a safra deve ser menor em 2024.
"As condições do tempo ajudam para a qualidade e a gente vê também o produtor mais animado com o bom momento dos preços. A Cocapec espera pelo recebimento de mais de um milhão de sacas e as movimentações devem começar a ganhar ritmo nas próximas semanas", afirma.
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