Encafé: Cenário para economia global é desafiador, crescimento limitado e de cautela
Acontece a partir desta quinta-feira (16) o 29º Encontro Nacional do Café (Encafé), promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). O economista Maílson da Nóbrega foi o primeiro palestrante do dia e trouxe as perspectivas da economia global.
Após um ano de governo Lula, o economista afirmou que o atual período é de cautela tanto pelas declarações do atual governo desde o início do mandato, mas também pelo atual cenário no macroeconômico. Para Nóbrega, o próximo ano pode não ser dos piores, mas com limitação de crescimento na economia global.
A nível mundial, o economista ressaltou os eventos geopolíticos desfavoráveis para o crescimento mundial. Pontuou fatores como reflexos da Covid-19, alta dos fretes marítimos nos últimos anos, guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio.
"Os próximos trinta anos terão menor taxa de crescimento comparado com os últimos trinta. A China está esgotando o modelo de crescimento que foi composto por uma migração de gente do campo para a cidade e sobretudo pelos investimentos no campo imobiliário e infraestrutura, a construção civil representa 25% do PIB chinês", disse.
Chamou atenção ainda a reconfiguração na cadeia mundial de suprimentos, com menos eficiência, rebatendo inclusive as fala do presidente Lula sobre produtividade. "Produtividade é o maior fator de riqueza de um país, o que impulsiona a economia é a produtividade", disse.
Nóbrega destacou que a tensão entre China e Estados Unidos, que continuará assustando o mercado mundial. Entre os pontos de atenção, destacou a polarização política nos Estados Unidos e os riscos da reeleição do Donald Trump, que inclusive já prometeu taxas de importação trazendo aversão ao mercado.
Brasil: "Pior situação fiscal do planeta"
Comentando sobre o atual cenário da economia brasileira, o especialista afirmou que a situação fiscal é de fato muito preocupante. Destacou os cinco itens que representarão 98% dos gastos primários da União, sendo eles: previdência, pessoal, educação, saúde e sociais.
"A dívida pública pode chegar a 87% do PIB em 2023, a média dos países emergentes é de 57% do PIB. Essa situação tem que mudar e para mudar tem que atacar o gasto obrigatório. A dúvida é se o governo Lula vai dizer isso para a população", disse.
Ainda sobre o gasto obrigatório, afirmou que sem "atacar o gasto obrigatório a situação ficará insuportável, teremos um encontro com a crise da dívida pública".
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