Café: Estoques na ICE tem menor volume dos últimos 24 anos, não há previsão de recomposição e volatilidade intensa deve persistir
O produtor de café continua vivenciando a realidade de um mercado "estressado", com muita volatilidade e incertezas em relação à produção mundial do ciclo de 2024. Além das condições climáticas que seguem no radar, nos últimos dias a contínua baixa dos estoques certificados na ICE voltou a chamar atenção de todo o setor.
Com 368 mil sacas, a ICE tem o menor nível em 24 anos. Só no mês de outubro, os estoques de arábica tiveram queda de 61.912 mil sacas em Nova York, enquanto Londres registrou o declínio de 40.500 mil sacas de robusta. Os dados fazem parte do levantamento da Pharos Consultoria. Com a instabilidade nos preços, o mercado opta pela utilização do café certificado, que fica mais em conta quando comparado com os preços praticados pela Bolsa nos dias atuais.
O que chama atenção, segundo Haroldo Bonfá, o que chama atenção nos dados mais recentes é justamente a "idade" dos cafés que estão sendo absorvidos pelo mercado com essa movimentação. Deste montante de 368 mil sacas, os dados mostram que pelo menos 118 mil estão na Bolsa há mais de um ano e aproxidamente 61 mil estão há mais tempo.
"Nós vemos que, pelo menos metade desse café, é antiga, o que altera a qualidade deste café. Muda a bebida, muda cor, a cor fica mais amarelada e o grão fica mais cheio, aumentando de tamanho, já que absorve mais umidade", afirma.
Também é importante observar que atualmente não há sacas pendentes de avalição na ICE, ou seja, o mercado não espera uma recuperação significativa nos volumes no médio prazo, de acordo com o analista. Por questões logísticas, boa parte deste café está na Antuérpia, na Bélgica, maior centro de distribuição da Europa. O analista afirma ainda que o mercado continua monitorando os gargalos logísticos reportados nos últimos meses pelo setor exportador do Brasil.
Diante deste cenário e com o mercado acompanhando também a instabilidade financeira da economia global, o analista afirma que no médio prazo a oscilação nos preços deve ser mantida para o produtor de café. A variação tem sido tão significativa que só nos últimos dias o produtor viu o contrato referência ser negociado por 159 cents/lbp e 170 cents/lbp (pico atingido na manhã desta sexta-feira (3) em Nova York.
"O mercado está volátil, mas a oportunidade existindo e isso é fantástico. A extrema volatilidade pede ainda mais atenção do produtor, é preciso estar atento ao mercado e bem posicionado para não perder esses momentos de valorização", afirma.
Ainda de acordo com Haroldo, aquele produtor que está capitalizado, está conseguindo manter a rentabilidade neste momento. Além disso, destaca a importância do produtor fazer uso das tecnologias de travas e manter as margens de custo x lucro sempre atualizadas.
"Existe uma crise interna muito grande no mercado de café, conseguimos observar isso com esse sobe e desce, mas não significa que não existem oportunidades de fechar o negócio com bons preços, repito, é preciso ficar muito atento", finaliza.
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