Inédito: Importadores de café visitam o Brasil e investem mais de R$ 4 milhões comprando robustas amazônicos

Publicado em 11/09/2023 15:21 e atualizado em 11/09/2023 17:02
Em uma imersão na cultura dos produtores em Rondônia, ação contou com a visita de mais de 11 países e trouxe grandes expectativas de avanços para o Brasil

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Uma ação inédita com compradores internacionais conhecendo de perto a produção dos robustas amazônicos no Brasil, resultou em 4,5 milhões de reais em negócios. Durante a passagem dos importadores, foram comercializadas aproximadamente três mil sacas de cafés. Os compradores levaram amostras e a expectativa é que as vendas continuem acontecendo nos próximos meses. 

Segundo informações de JuanTravain, produtor e presidente da Associação dos Cafeicultores da Indicação Geográfica Matas de Rondônia - Caferon, compradores de mais de 10 países estiveram no Brasil, sendo eles: China, Bélgica, Croácia, Dubai, Canadá, Grécia, Armênia, Reino Unido, Estados Unidos, Jordânia, Paraguai, África do Sul.

Pelo menos 15 produtores de café de Rondônia foram beneficiados com as vendas. A ação faz parte do do programa Exporta Mais Brasil, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – ApexBrasil, que busca fortalecer a cultura exportadora de diferentes setores produtivos do país e também contou a parceria da Embrapa, além do apoio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico - Sedec, do Sebrae, da CNA e do Selva Café. 

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Ação internacional resultou em R$ 4 milhões em vendas de robusta amazônico​​​​​​

“O potencial exportador dos cafés Robustas Amazônicos deu um salto nos últimos anos e, por isso, foi escolhido para ser protagonista dessa terceira rodada do programa”, explica o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana. Segundo ele, o Brasil, que já é reconhecido como o maior produtor e o maior exportador de café, deve passar a ser reconhecido também pela qualidade, sustentabilidade e rastreabilidade do produto.  “Estamos dando um grande passo nesse sentido com os cafés Robustas Amazônicos, que são excelentes cafés, de altíssima qualidade, produzidos por comunidades indígenas, pela agricultura familiar e por médios e grandes produtores. Além da qualidade, é um café com história, um café que tem Amazônia e que tem a preservação”, afirma Viana. 

Quebrando paradigmas no mercado internacional, os robustas amazônicos vêm ganhando cada vez mais espaço e conquistando novos paladares mundo afora. Diante deste cenário, a ação teve o objetivo de ir além da xícara e apresentar de ponta a ponta para os importadores como é feito o trabalho dos produtores na região da Amazônia. Com um mercado cada vez mais exigente e com o mundo com as atenções voltadas para o Brasil, foi realizada uma verdadeira imersão. 

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Importadores de café vivenciaram de perto a rotina das famílias produtoras na Amazônia

"Foi uma semana de uma verdadeira imersão na origem dos cafés Robustas Amazônicos, apresentando este produto e toda a biodiversidade e riquezas culturais que a Amazônia tem. Além da degustação de Robustas Amazônicos selecionados por avaliadores, seguindo padrões internacionais e com alta qualidade, foram realizadas visitas às áreas de produtores da IG Matas de Rondônia. Os compradores puderam vivenciar experiências em tudo que envolve a produção destes cafés especiais - do campo à xícara - a gastronomia da região Amazônica, o turismo rural que já está sendo realizado em torno da cafeicultura na IG, incluindo ainda o etnoturismo, com uma vivência em aldeia indígena que produz cafés com qualidade", explica Renata Silva, da Embrapa Rondônia. 

Atualmente Rondônia é o maior produtor de café da região amazônica, sendo responsável por mais de 90% da produção. No ranking nacional, ocupa a 5ª posição e é o segundo estado maior produtor dos canefóras. Na ocasição, também foram apresentados cafés do Acre aos compradores internacionais. Das amostras enviadas por 22 produtores, 10 foram de mulheres e duas de indígenas. 

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Fotos: Caferon

"Os cafeicultores foram incluídos no evento desde o envio de amostras de cafés para possível comercialização como também nas diversas ações realizadas durante o evento, incluindo os cuppings (degustação dos cafés) com os cafés selecionados, em que os cafeicultores tiveram também a oportunidade de saber a avaliação dos compradores sobre seus cafés e negociar diretamente", complementa Renata. 

Para Egard Bressani, especialista em café especial e que irá acompanhar de perto as exportações daqui pra frente, o resultado positivo do evento é uma resposta do trabalho de estratégia que vem sendo desenhada há anos com objetivo de apresentar a potência desse café no mercado internacional. 

"A gente sabe que esses eventos tem um custo elevado, mas vimos que ficaram todos encantados com o que viram, o trabalho dos pequenos produtores. A gente sabe que temos um desafio enorme de aumentar a produção desse café de qualidade. Nós tivemos um resultado bom na comercialização, tive um cliente que fez uma reserva para o ano, tudo ajudou para que fosse um sucesso e um grande aprendizado para que a gente consiga vender mais e mais e lançar novas estratégias para promoção dos robustas", afirma. 
 

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Fotos: Caferon

Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia e especialista em café, que trabalhou durante os últimos anos no avanço de pesquisas não apenas no campo, mas também na qualidade na xícara, destaca a importância das ações neste momento de reposicionamento internacional. 

"Uma oportunidade de demonstrar que estes grãos, de aromas e sabores inéditos, são frutos de uma evolução que vem acontecendo há mais de cinco décadas e, que graças ao investimento em pesquisa e desenvolvimento científico, vem alcançando um novo patamar no mercado de cafés especiais. Foi uma semana que serviu para demonstrar que os cafés Robustas Amazônicos, possuem aspectos que os tornam bastante interessantes para consumidores exigentes, ávidos por novas experiências sensoriais. Os mais de 4 milhões de reais, negociados no evento, indicam que vale à pena investir em robustas finos, sustentáveis e com grande apelo social", complementa. 

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Cafeicultura em Rondônia 

Quanto à sustentabilidade, dados históricos da Conab sobre a cafeicultura na região mostram que, nos últimos 20 anos, houve uma redução de cerca de 70% da área de café em Rondônia e aumento em torno de 60% na produção, além de um salto de mais de 500% na produtividade. Isto demonstra que os cafeicultores estão usando de forma eficiente o solo e os outros recursos naturais, com produção em grande quantidade e em pequenas áreas, não avançando sobre a floresta, com atuação em harmonia. As lavouras são conduzidas por cerca de 17 mil produtores, em áreas com média de quatro hectares, em que a base da mão de obra é basicamente familiar, com a maior parte da colheita manual.

Rondônia também possui a primeira Indicação Geográfica (IG), do tipo Denominação de Origem (DO), para cafés da espécie canéfora sustentável do mundo: região Matas de Rondônia que produz os cafés da espécie canéfora denominados Robustas Amazônicos. São cafés que, de modo geral, apresentam doçura, sabores que lembram chocolate, frutas, especiarias e ervas.  A IG é formada por 15 municípios que detêm mais de 80% da produção de café de Rondônia. Além disso, reúne mais de 10 mil cafeicultores de base familiar. Além de agregação de valor ao café pela qualidade, a IG tem impulsionado o desenvolvimento da região.

 

Exporta Mais Brasil 

Com o slogan “Rodando o país para as nossas empresas ganharem o mundo”, o programa Exporta Mais Brasil busca uma aproximação ativa com todas as regiões do país para potencializar suas exportações. Por meio do programa, empresas brasileiras têm a oportunidade de se reunir com compradores internacionais que vêm ao país em busca de produtos e serviços ligados a setores específicos.  

Até o final do ano, o Exporta Mais Brasil realizará 13 etapas voltadas para diferentes setores, em 13 estados brasileiros. A primeira rodada foi na Paraíba, voltada para o setor moveleiro. Já a segunda foi no Espírito Santo, com foco no setor de rochas. Com mais essa 3ª rodada, ao todo, o programa já apoiou 69 empresas, sendo 38 delas de liderança feminina, e trouxe 35 compradores de 20 países. O total de negócios esperados para os próximos 12 meses é de mais de R$ 20 milhões. 

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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