Safra de arábica pode ser mais lenta, mas vai se confirmando maior em volume e lavouras mostram boas perspectivas para 24
Estimada em 37 milhões de sacas, segundo os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2023 de café arábica ainda caminha a passos lentos nas principais regiões produtoras. Tradicionalmente o trabalho ganha ritmo em meados de maio, mas em algumas regiões a maturação irregular pode deixar a safra um pouco mais lenta neste ano.
A maturação irregular ainda é reflexo das condições climáticas adversas durante o período de florada, segundo informações de José Donizeti Alves, da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Especialmente no Sul de Minas Gerais, ele relembra que três grandes floradas abriram no ano passado, justificando o cenário atual das lavouras.
O especialista explica ainda que o cenário pode ser dividido em dois cenários, sendo elas as áreas com ou sem irrigação. No caso dos produtores que fazem uso da irrigação, a safra tende a ser positiva, mas aqueles que ainda não usam a tecnologia sente os impactos do clima adverso nos períodos pré e pós florada.
"Nós sabemos que essa condição de maturação acaba prejudicando a colheita porque o produtor precisa passar mais vezes na mesma área, mais caro fica. As variedades mais precoces, nas áreas mais quentes, estão indo bem, mas as de maturação tardia, nas áreas de montanha no Sul de Minas Gerais, o cenário é mais complexo", afirma.
Com relação à qualidade, o professor afirma que é importante que o produtor tenha mente em fazer uma colheita "mais seletiva o possível" para alcançar o máximo de cerejas. "A planta está respondendo agora o que aconteceu no passado, é importante essa colheita seletiva para não perder a qualidade e esperar o desenvolvimento natural", comenta.
Com relação ao volume, Donizeti afirma que ainda é muito cedo para "bater o martelo", mas que as chuvas do início do ano foram positivas para o tamanho do fruto e a safra pode ter uma renda mais significativa. "Ainda que esteja com a maturação irregular, os frutos estão mais pesados, a renda pode ser maior. É uma safra maior que no último ano, mas aquela supersafra fica para 2024", comenta.
Acrescenta ainda que é preciso considerar que muitos pés de café que não produziram no ciclo anterior estão em plena produção na safra 2023. "Nós tivemos geada em 2021, cortamos muitos pés de café - aproximadamente 120 mil hectares, que não produziram em 22 e voltam a produzir agora em 2023. Mesmo sem plantar um novo pé de café, teremos aumento na produção", complementa.
Por falar em 2024, apesar de ainda ser cedo para falar em números, as chuvas também foram positivas para o desenvolvimento vegetativo da planta, que inclusive segue crescendo.
"Normalmente me maio o café já parou de crescer, mas neste ano ainda está lançando nós. E é importante saber que a cada nó a mais, tem-se a expectativa de uma média de 4 a 5 sacas a mais por hectare", comenta. A condição, se confirmada e o clima continuar dentro do ideal, encaminhará o Brasil para uma recuperação efetiva na produção.
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