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Maturação tardia, falta de mão de obra e chuva podem atrapalhar ritmo da safra de conilon no Brasil

Publicado em 12/04/2023 15:47 e atualizado em 12/04/2023 17:12
Conab estima produção de quase 18 milhões de sacas no ciclo atual

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Os olhos do mercado do café estão voltados para a safra 23 do Brasil, que está prestes a começar nas principais regiões produtoras do país. No caso do conilon, que tradicionalmente tem o início da colheita antes que no café arábica, devido ao ponto de maturação dos frutos, os desafios com a mão de obra e também as previsões de chuva, a safra deve começar com certo atraso. Os dados da Conab indicam produção de 17,51 milhões de sacas de café conilon beneficiado para este ano. 

De acordo com informações coletadas pelo Notícias Agrícolas, a colheita já até começou em algumas áreas, com destaque para o sul da Bahia, mas ainda de forma muito tímida. A maturação do grão ainda não está no ponto ideal, mas ainda assim as previsões de chuvas para os próximos dias acendem um alerta na região de conilon. 

José Carlos Gava Ferrão, produtor de café, engenheiro agrônomo e consultor em café com atendimento em áreas da Bahia e do Espírito Santo, explica que apenas alguns clones mais precoces já começaram a ser colhidos na região. 

"As chuvas, além de atrasar a mão de obra, tem a questão da queda do fruto no chão. Aquele grão que está mais maduro, alguns grãos começam a cair, mas ainda não é tão impactante porque a maioria do café está verde", afirma. 

A atualização do modelo de previsão estendida, divulgada nesta quarta-feira (12) pela Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA), indicam o avanço de uma frente fria chegando no Sudeste nos próximos dias. No Espírito Santo e na Bahia, a previsão é de precipitação entre 50mm e 70mm nos próximos sete dias.

Para o analista de mercado Marcus Magalhães, da MM Cafés, as chuvas precisam ser monitoradas, mas também ressalta que ainda há muito café verde no pé. "A gente imagina café conilon no mercado de forma representativa antes de maio, é se iludir, não tem. Mas ainda assim, dependendo da chuva pode atrasar um pouco porque os mapas estão indicando chuva depois do dia 20, podendo adentrar no mês de maio", afirma. 

Com relação aos negócios, Marcus afirma que o mercado segue com pouca liquidez, com preços firmes e com o produtor se preparando para o início da colheita. Segundo dados do Centro do comércio de café de Vitória, as negociações têm ficado na casa dos R$ 636,00 o tipo 7/8 (com até 13% de umidade e até 5% de broca). 


Veja o mapa de previsão de precipitação estendida: 

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Fonte: NOAA 

 


Mão de obra continua sendo maior gargalo 

Há anos o setor de conilon tem dificuldade na contratação de mão de obra para o período de safra. No ano passado, inclusive, a colheita começou atrasada nas principais áreas de produção do país. 

Segundo Ferrão, os trabalhos ainda não ganharam ritmo e a contratação segue sendo uma grande preocupação. "Realmente está difícil. A mão de obra está pouco, está escassa. Tem muitos colhedores de anos atrás que foram para outras atividades, como construção civil e isso tem feito que o número fique menor", afirma. 

Além disso, os safristas também têm participado pouco da colheita diante das preocupações em parar de receber os benefícios sociais, outro grande gargalo da cafeicultura nacional e que vem sido debatido pelas lideranças do setor em Brasília. 

Há alguns anos o produtor vem fazendo pesquisas e testes para tentar mecanizar a colheita em toda área. Na safra 2022, os resultados foram satisfatórios em algumas áreas onde o trabalho foi realizado com máquinas utilizadas normalmente em áreas de arábica. 

Segundo Ferrão, apesar dos resultados positivos ainda vai levar certo tempo para que a mecanização seja de fato implementada nessas áreas. "Acho que vai demorar ainda de cinco a dez para ter uma máquina ajustada para o conilon, como já acontece com o arábica. Conilon não é fácil trabalhar na colheita, tem a questão do grão que não solta tão fácil o grão, a questão do espaçamento do conilon e questão do preparo do solo", finaliza. 

 

 

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Por:
Virgínia Alves
Fonte:
Notícias Agrícolas

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