Café: ICE tem mais de 230 mil sacas pendentes de avaliação e recuperação após baixa histórica é lenta, mas acontece
Os últimos dois anos foram ainda mais intensos para o produtor de café. Além dos problemas climáticos resultando em duas safras com quebra no Brasil, o produtor também passou a trabalhar com um mercado ainda mais volátil e repleto de incertezas. Entre os fundamentos básicos do mercado, os estoques certificados na ICE ganharam destaque no período. Atingiram em outubro de 2020 o menor nível dos últimos 20 anos, continuou registrando baixas e em junho do ano passado ficou pela primeira vez abaixo de um milhão de sacas.
Desde então, o produtor vem acompanhando variações nos volumes e até a tarde desta terça-feira (3) estavam próximos de 815 mil sacas. De acordo com levantamento realizado pela Pharos Consultoria, desde novembro de 2021 o mercado vem observando oscilação nos estoques certificados. Em outubro do ano passado, os volumes voltaram a registrar nova queda expressiva.
A análise da Pharos chama atenção ainda para as 235 mil sacas pendentes de aprovação na ICE. "Não significa que todo esse volume será aprovado, a ICE tem certo volume por dia de aprovações, mas é um volume significativo que precisa ser acompanhado nas próximas semanas", acrescenta.
Segundo o analista Haroldo Bonfá, o grande diferencial do período é que o estoque foi crescendo mesmo no período de preços mais altos no café. Nos dias em que a ICE divulgou alta nos volumes, inclusive, o produtor viu os preços caírem de forma expressiva na Bolsa de Nova York (ICE Future US).
As incertezas com relação a oferta global de café continuam no radar, apesar das boas chuvas no Brasil nas últimas semanas e para o analista, essa recuperação pode significar também o mercado já se antecipando de uma possível recuperação nos preços, caso as principais origens produtoras voltem a ter problemas com o clima.
"Apesar da volatilidade intensa, nós temos preços relativamente estáveis. Se continuar nesse ritmo que estamos vendo, o café pode recuperar aquele volume de um milhão de sacas nos próximos meses", afirma o analista.
PRÓXIMOS PASSOS DO MERCADO
Para o mês de janeiro, Haroldo afirma que o mercado vai aguardar para saber o resultado das chuvas nas lavouras do Brasil. "O clima tem sido positivo nos últimos dias. A planta adora os bons volumes seguidos de sol muito forte. Além do clima, os volumes de exportação do mês de dezembro serão determinantes para os preços", afirma.
Os dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) de exportação referente ao mês de dezembro mostraram embarque de 3,163 milhões de sacas de 60kg. O volume representa queda de 11,8% em relação ao mesmo mês em 2021.
Haroldo destaca que o mercado aguarda pelos dados oficiais do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), que responde por 96% dos embarques de café do Brasil e é um importante termômetro para o mercado. A tendência é que o Cecafé divulgue o relatório nas próximas semanas.
"São essas incertezas que vão continuar no mercado, mantendo essa variação nos preços. Se o número do Cecafé, que é o que mercado acompanha de fato, ficar abaixo de 3,5 milhões de sacas, esse fator pode dar certo suporte aos preços", finaliza.
Por aqui, os negócios seguem travados. O produtor aguarda por preços mais atrativos e principalmente as chuvas de janeiro para entender o verdadeiro potencial da safra 2023, após dois anos de intensa irregularidade climáticas e baixas significativas na produção.
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