Agricultores e agrônomos do Brasil rebaixam expectativas da safra de café de 2023
Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) – Cafeicultores e especialistas brasileiros reduziram as expectativas em relação à safra do próximo ano no maior produtor mundial, após uma evolução pós-florada predominantemente negativa em muitas das áreas que eles supervisionam.
Segundo eles, as expectativas iniciais de aumento da produção no ano que vem agora parecem distantes, com perspectivas convergentes para uma safra de tamanho semelhante à colhida neste ano.
Uma produção maior no Brasil na próxima temporada vinha sendo considerada pela maioria dos traders internacionais. Foi um dos fatores por trás de uma recente queda nos preços de referência do café arábica .
“Esperávamos um aumento na produtividade (para 2023), mas mudamos de ideia após o desenvolvimento da floração”, disse Paulo Armelin, que cultiva 220 hectares de café na região do Cerrado Mineiro.
Ele disse que as árvores não conseguiram converter em frutos muitas das flores que apareceram quando as chuvas voltaram em outubro, possivelmente porque não estavam saudáveis o suficiente depois de um inverno muito seco no Brasil.
Armelin esperava colher cerca de 45 sacas de 60 kg por hectare no ano que vem, ante 27 sacas colhidas neste ano. Agora, ele está vendo rendimentos na próxima temporada na faixa de 25-30 sacas/ha.
Jonas Ferraresso, agrônomo que assessora fazendas de café em São Paulo e Minas Gerais, disse que muitas árvores não tinham folhas suficientes para sustentar o período pós-floração, resultando em cargas menores de frutos.
“Estará longe do recorde de 2020”, disse ele.
Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil e maior exportadora do país, disse à mídia local esta semana que a nova safra será semelhante em tamanho às duas anteriores, ambas impactadas por condições climáticas adversas.
José Braz Matiello, pesquisador da Fundação Procafé, compartilha a visão de uma safra menor do que o esperado no próximo ano, dizendo que as árvores não tiveram energia suficiente para segurar a grande floração, perdendo grande parte dela antes que os frutos aparecessem.
(Por Roberto Samora e Marcelo Teixeira)
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