Além da Europa, exportadores de café do Brasil também monitoram possíveis mudanças na importação dos Estados Unidos
No último mês de setembro, o Parlamento Europeu aprovou uma série de restrições à importação de produtos agrícolas ligados à áreas de desmatamento. A medida, que foi aprovada por 453 votos e entre os produtos citados também está o café.
A agenda dos exportadores de café do Brasil nos últimos anos tem sido pautada em evidenciar a sustentabilidade e qualidade dos cafés do Brasil, e neste sentido, o Cecafé vem acompanhando de perto as ações dos principais polos compradores de café do Brasil. Além da Europa, as atenções agora também se voltam para possíveis mudanças por parte dos Estados Unidos, principal parceiro comercial do Brasil. As informações foram atualizadas no episódio do Café em Prosa, divulgado na última sexta-feira (4).
Segundo Marcos Matos, diretor geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a medida foi aprovada no mês passado, mas o setor ainda aguarda a decisão final do Parlamento Europeu. "É provável que na COP 27 a gente tenha alguma questão neste sentido, alguma definição. Mas é a implementação dessa lei que vai exigir realmente uma pro atividade e a gente vai demostrar naquilo que estamos trabalhando", afirma Marcos Matos, diretor executivo do Cecafé.
Além disso, Marcos pontuou que o setor também acompanha a aprovação de uma lei no Rei Unido que tem as mesmas diretrizes. "Temos também o Reino Unido com a mesma norma, política ambiental com algumas emendas que foram feitas para rastreabilidade total em relação importação de algumas commodities, sempre lembrando que o café é citado nesses estudos. E por último, os Estados Unidos em que também busca implementar uma regra ligada a importação de commoditie zero desmatamento", afirma.
Segundo Marcos, as informações mais recentes relacionadas aos Estados Unidos mostram que pode se tratar de uma regulação direta do poder executivo. Trouxe ainda a informação de que o Governo Biden fez recentemente uma "checagem" diretamente com as indústrias para avaliar a pertinência da lei.
"No caso do café foi a National Coffee Association, parceira nossa, temos alinhamento total com eles e estão estruturando um relatório para apresentar na semana que vem (esta semana) do ponto de vista da indústria para esse nova lei. Estamos atentos a esse movimento todo ", afirma. Complementa ainda que a NCA já tem em mãos as informações necessárias relacionadas inclusive à produção brasileira.
O diretor executivo destaca também que neste momento é importante que toda cadeia global mundial do café esteja conectada para manter a fluidez do mercado com boas práticas agrícolas, atendendo assim os mais variados e exigentes mercados.
"Esse assunto para nós é prioritário, demanda ações inovadoras. Não somente o questionamento da lei em si, mas também em como nós podemos agir de forma proativa do ponto de vista da rastreabilidade. Isso realmente a gente tem estudado, é um assunto que vem sendo debatido há alguns meses com nossos associados, não é de agora e tudo isso para gente mostrar que o café brasileiro é sempre organizado, inovador e sempre traz soluções independente do momento em que a gente vive", complementa.
Vale destacar que quando se fala em Europa e Estados Unidos para o mercado de café, estamos falando também dos principais destinos das exportações brasileiras. Juntos eles representam mais de 70% do mercado.
Os Estados Unidos há anos lideram o ranking e de acordo com dados oficiais do Cecafé, no período entre janeiro e o fim de setembro, a importação foi de 5,853 milhões de sacas, volume 2,3% superior aos 5,721 milhões comprados no mesmo intervalo de 2021. Esse volume corresponde a 20,4% dos embarques totais do Brasil neste ano. Já a Europa representou 53% deste mercado no período. O relatório referente ao mês de outubro deve ser divulgado nos próximos dias.
Acrescenta ainda que é importante monitorar os próximos passos, mas destaca que o Brasil tem avançado, por exemplo, com as certificações e com os cafés com rastreabilidade e que iniciativas como essas precisam continuar tendo apoio para que as informações também cheguem ao produtor.
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