Metodologia de avaliação da qualidade do solúvel é apresentada em um dos maiores eventos internacionais do café
A Associação Brasileira de Café Solúvel (Abics) participou, neste mês de outubro, do 13º SCTA Coffee Forum & Dinner, promovido pela Swiss Coffee Trade Association (SCTA - Associação Suíça de Comércio de Café, na sigla em português), em Genebra, um dos maiores eventos internacionais do comércio de café.
Durante dois dias, o evento reuniu os maiores players de café do mundo, incluindo a indústria. Tradicionalmente mais voltado ao universo do café verde, o SCTA Coffee Forum & Dinner 2022 garantiu um espaço para a Abics divulgar a metodologia pioneira de avaliação de qualidade do café solúvel.
Em painel sobre inovação no setor de café, no segundo dia do evento (14 outubro), o presidente da Abics, Fábio Sato, apresentou um esboço da nova metodologia de análise sensorial do solúvel, que está sendo desenvolvida pela Associação em parceria com o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL). O painel em que a Abics participou também contou com mais quatro palestrantes sobre novas tecnologias e transformação no setor cafeeiro.
A apresentação da Abics mostrou, inicialmente, como o café solúvel é produzido, desde a seleção dos grãos, blends até a torra e granulação, num primeiro estágio muito parecido com a produção de torrado e moído, seguindo outras etapas, como a concentração e secagem. “Quando se adiciona outras etapas neste processo de industrialização, a imensa variedade de blends e graus de torrefação e moagem do torrado e moído se multiplica, gerando mais combinações”, explica Sato.
Este processo desmistifica o que muita gente acredita: que o café solúvel é “tudo igual”. O presidente da Abics explica que existe uma variedade enorme de solúvel, desde os produtos com grãos 100% arábica até aqueles que exibem selos de sustentabilidade. Entretanto, “por incrível que pareça, não existia uma metodologia para diferenciar esta gama de produtos”.
Assim, a metodologia está sendo criada com base na avaliação da intensidade de 15 atributos de aromas e sabores, em uma escala de classificação dessas características sensoriais, que vai de zero a cinco, e uma classificação principal em três categorias: convencional, diferenciado ou de excelência. Cada atributo tem um peso dentro da avaliação. Os dados são inseridos dentro de um sistema e este peso é calculado por meio de um algoritmo, que indicará qual a categoria do produto.
“Não se pode dizer que determinada categoria é melhor que outra, mas que é indicada para determinadas aplicações, como, por exemplo, para o consumo puro ou com leite ou no uso em outras bebidas”, afirma Sato.
Durante o evento na Suíça, a Abics convidou os participantes do setor cafeeiro a prestigiar o lançamento da metodologia. O “White Paper”, um documento técnico com o detalhamento deste processo de avaliação, será oficialmente lançado na Semana Internacional do Café (SIC), no dia 16 de novembro, em Belo Horizonte (MG). A SIC, que se estende até o dia 18, também contará com uma sessão prática com provas de café solúvel.
Qual foi a avaliação dos participantes do 13º SCTA Coffee Forum & Dinner sobre a metodologia para o café solúvel?
“O feedback foi positivo”, diz Sato. A metodologia não foi detalhada, mas o público presente foi convidado a participar do lançamento da metodologia na SIC. A Abics já havia convidado previamente para participar do lançamento representantes de instituições de vários países, como a National Coffee Association (NCA) e a Specialty Coffee Association (SCA), dos EUA, a All Japan Coffee Association (AJCA), a European Coffee Federation (ECF) e, ainda, o Coffee Quality Institute (CQI), além de jornalistas especializados na cobertura do setor cafeeiro em outros países.
Para Carlos Brando, sócio da P&A Marketing Internacional, que também participou do 13º SCTA Coffee Forum & Dinner, chamou a atenção do público o fato de que o café solúvel é um produto muito mais complexo que inicialmente se acreditava.
“Ao contrário do que muita gente pensa, a matéria-prima e o processo de fabricação alteram a qualidade do produto final. Além disso, muitos, especialmente os de fora do setor, esquecem que o café solúvel não é apenas para se tomar como cafezinho preto na xícara. Ele é componente essencial de cappuccinos – que podem ser de alta qualidade –, da indústria culinária e do popular “3 em 1”, produto mais consumido na Ásia, um envelope individual com café solúvel, leite não-lácteo e açúcar, a bebida pronta para beber quando adicionada água”, explica Brando.
Segundo ele, como produto de entrada do café na Ásia, à medida que o consumidor vai se habituando ao consumo, ele exigirá um produto mais sofisticado. “Então, uma opção para a indústria é oferecer produtos práticos e com maior qualidade, uma vez que este consumidor pode não mudar para outro tipo de consumo em função da praticidade do solúvel”, completa Brando.
Metodologia nacional e global para avaliação do café solúvel
“A ideia da Abics ao criar esta metodologia pioneira de avaliação sensorial do solúvel é que todas as indústrias brasileiras a adotem, além de torná-la global”, afirma Fábio Sato.
A entidade também está engajando alguns institutos de qualidade para que adotem treinamentos de acordo com a metodologia para que profissionais possam receber certificado como provadores de café solúvel.
“Entre os planos, está levar a metodologia de avaliação do café solúvel para outros países, por meio de apresentações para empresas do segmento em eventos nos principais mercados mundiais do produto”, conclui o presidente da Abics.
Mercado de café solúvel
O consumo de café solúvel avança a taxas superiores a 2% por ano no mundo, acima dos percentuais de crescimento apresentados pelo produto torrado e moído. O Brasil, como o maior produtor mundial e exportador de café verde, também lidera a produção e exportação do solúvel. A atividade gera receitas de mais de R$ 1 bilhão no mercado doméstico e traz divisas de aproximadamente US$ 600 milhões com os embarques, que vão para mais de 100 países.
0 comentário
Preço do café sobe 4% nesta terça-feira e Bolsa de NY renova máximas para cotações do arábica
Mercado cafeeiro segue em sua tendência de alta no início da tarde desta 3ª feira (26)
Chuvas regulares trazem expectativa de uma boa safra de café em Minas Gerais, diz presidente da Faemg
Mapa divulga marcas e lotes de café torrado desclassificados para consumo
Após fortes altas, mercado cafeeiro inicia 3ª feira (26) com ganhos moderados e realização de lucros
Café em alta: novo recorde em exportação sinaliza que mundo abraça cada vez mais os grãos de Minas