Estoques, americanos se preparando para o inverno e safra brasileira: Volatilidade acentuada deve permanecer para o produtor de café
A safra 22 de café vai se confirmando com quebra ainda mais expressiva do que era previsto anteriormente, e ainda assim as cotações na Bolsa de Nova York (ICE Future US) continuam apresentando intensa volatilidade nos preços, o que por sua vez acaba mantendo o produtor brasileiro em posição de cautela e fechando negócios conforme precisa fazer caixa.
Entre os muitos fatores que vêm impactando a formação dos preços no mercado futuro, os estoques sejam eles certificados ou não, continuam tendo participação ativa no mercado e por vezes ditando o ritmo das negociações.
No caso dos estoques certificados, os volumes até a atualização da última sexta-feira (16) estavam em 532 mil sacas, ainda o nível mais baixo dos últimos 23 anos.
Já a atualização da Green Coffee Association, também divulgada na semana passada, trouxe o número de 6,450 mi sacas de café, acréscimo de 5,21%. Os dados levantados pela Pharos Consultoria mostram que o volume em agosto aumentou 226.801 mil sacas em comparação com o mês anterior.
Para Haroldo Bonfá, analista de café da consultoria, esse é um componente importante para o mercado e pode ser o indicativo que os Estados Unidos já se preparam para a chegada do inverno - época de maior consumo de café no Hemisfério Norte.
Além disso, o analista acredita que com a safra brasileira se confirmando com desvalorização, o mercado também pode estar se preparando para movimentos mais fortes, aproveitando os momentos de baixa para reposição dos estoques.
Já quando questionando em relação ao momento diferente entre os dois estoques, o analista acredita que neste momento o mercado está mais preocupado em ter o café em volume do que com ter os cafés que atendam os padrões requisitados pela ICE, por exemplo.
O levantamento da Pharos trouxe ainda que o Brasil avançou na sua participação nos estoques certificados da ICE e atualmente corresponde por 63,95%, enquanto Honduras - tradicionalmente principal fornecedor, tem atualmente 25% de participação.
"Precisamos entender agora qual o nível de compra que dispara essa composição de cafés brasileiros na ICE. De qualquer forma, isso mostra que o Brasil ainda tem café competitivo, estamos forncendo café certificado de maneira significativa e são cafés de qualidade", afirma o analista. A virada da participação do Brasil aconteceu no mês passado, com 46% dos cafés da ICE sendo provenientes da produção brasileira.
Além de monitorar os estoques e observar a chegada do inverno no Hemisfério Norte, Haroldo acredita que o mercado de café continuará com intensa volatidade. As preocupações com a oferta global do produto continuam no mercado, considerando que outras origens produtoras, como a Colômbia, também enfrentam severos problemas na produção.
Os dados da economia americana, inflação e uma possível recessão global, em contrapartida, podem seguir pressionando as cotações. "Os novos dados da economia americana na quarta-feira podem dar nova variação aos preços. Economicamente falando o mundo vai ter que se ajustar com isso".
Com os Estados Unidos se tratando do maior parceiro comercial do Brasil em relação ao café, o mercado se volta também para a discussão de renda para o americano, como isso pode afetar o consumo de café por lá. Assim como acontece no mercado interno no Brasil, os dados mostram que em momentos de crise o americano faz a troca pelo tipo de café, mas mantém o consumo.
Com relação aos fundamentos, eles continuam sólidos para o mercado de café. "Ainda se tem muita dúvida em relação à produção de 22/23, mas sabemos que é uma safra mais baixa. Se tem ainda uma discussão muito grande em torno de logística. Nos próximos dias deve sair os números da Conab, que não deve mudar muita coisa, mas o mercado adora uma novidade", acrescenta.
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