Bragança Paulista se desenvolveu graças à cafeicultura e produtores lutam para manter história viva
1906: Esse é o ano que marca o início da construção da Fazenda Caethê, localizada a 88 quilômetros de São Paulo, em Bragança Paulista, o café produzido até hoje na Caethê foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento econômico da cidade em uma época considerada de ouro para a cafeicultura na região. Mas a história, contada hoje por João Batista Siqueira, começou muito antes, lá em 1822, com a chegada da sua família vinda de Portugal buscando novas oportunidades em território brasileiro.
A família Siqueira chegou em Bragança Paulista com Felipe Siqueira, vindo de Portugal e foi o filho, também chamado Felipe Siqueira que começou os trabalhos "na roça", primeiro com algodão e outras culturas para consumo da família e em 1860 foi quando o primeiro pé de café foi plantado em outra fazenda tradicional na região.
A construção da Fazenda Cathê teve início em 1889, pelo avô de João Batista que aos 24 anos se "casou com uma moça da fazenda do trigo, mas também de café, era tudo café", relembra João. Com o passar dos anos, o cultivo de café foi dando certo e em 1906 a casa, mantida até hoje com sua originalidade, começava a ser construída pela terceira geração da família Siqueira, que se consagrou como a maior produtora de café da região com 1.200 alqueires destinados ao cultivo de arábica.
"O café era plantado de maneira diferente do que é hoje. Antigamente era "mais espaçado". Ele conseguiu ganhar dinheiro, que antigamente era o que dava dinheiro aqui e conseguiu comprar mais três fazendas que ele deu para os filhos e ele tocou a vida com isso, viveu até 80 anos", comenta.
Para João, além de ser o maior produtor de café da região, o avô também viva a frente do seu tempo, o que permitiu com ele pensasse fora da caixa, tanto na gestão das fazendas, mas também na educação dos filhos, que foram enviadas para estudar fora do Brasil.
"Com o passar do tempo ele se interessou pelo gado holândes, mas enquanto isso o café cresceu e foi sua maior renda. Ele queria misturar o leite não só se interessava pelo leite em si, mas também o esterco do gado para colocar no café, não tinha adubo. Naquela época era orgânico", conta.
Localizada a 155 quilômetros do Porto de Santos, a produção de café de Bragança Paulista era escoada pela Estrada de Ferro Bragantina. Os cafés saíam da fazenda prontos para exportação, passavam pela Estrada de Ferro Bragantina com destino à Europa e foi desenvolvimento, através do café, que permitiu que Bragança se desenvolvesse economicamente e culturalmente também.
Além da construção e manutenção da ferrovia, o dinheiro proveniente da cultura do café, foi ponto crucial para construção do Teatro Municipal, escola de aeronáutica, Santa Casa, empresa elétrica, entre outras iniciativas que marcaram o progresso do município através da cafeicultura.
Infraestrutura original e a vontade de manter a história viva
A cidade foi avançando e as novas gerações não têm escolhido ficar no campo em Bragança Paulista. Ainda assim, João mantém a infraestrutura da fazenda exatamente como ela foi construída, que foi um pedido da sua tia Dulce antes de falecer.
A Fazenda Cahetê, em pleno 2022, cercada pela "cidade grande", mantém a história do café viva através da sua arquitetura colonial, os detalhes religiosos que contam até com uma capela construída na mesma época e toda infraestrutura operacional para a produção de café.
"O que nós estamos querendo preservar é que café construiu Bragança e região, e isso está se perdendo com o tempo. Essa história que nós estamos lutando para não se perder", afima.
A dificuldade em encontrar mão de obra, assim como a dificuldade de mecanização acabou pressionando a produção de café em Bragança Paulista. A região que desenvolveu através da cafeicultura, acabou perdendo espaço para o cultivo de grãos - com rentabilidade mais atrativa com o alto custo de colheita e mesmo pelos condomínios de casas que tomaram partes das fazenda.
Máquinários mais antigos continuam na fazenda:
A Fazenda Caethê é mantida para, de alguma forma, manter a tradição cafeeira em Bragança Paulista ainda viva. Atualmente o produtor ainda mantém uma área destinada para café arábica em 40 hectares, mas afirma que a manutenção das atividades em toda a região depende da mecanização.
"Mão de obra para café, se não zerou esse ano, ano que vem já não tem mais. Os tratos culturais eu consigo mecanizar, mas a colheita não e o pós-colheita também não. Meu terreiro tem 12 mil m², mas não foi construído para máquinas, se eu colocar isso ali, destrói tudo", finaliza.
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