Sustentabilidade dos cafés do Brasil é destaque em evento na Espanha
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), participou, nos dias 1º e 2 de junho, em Valladolid, na Espanha, do XXIX Congreso Español del Café, evento realizado pela Associação Espanhola do Café (AECafé) com a presença dos principais industriais e traders da Europa, que teve como foco a sustentabilidade.
Em palestra ministrada ontem, Marcos Matos, diretor Geral do Cecafé, pontuou que a Espanha é o sétimo principal destino dos cafés do Brasil no acumulado de 2022 até abril, com a importação de 408 mil sacas, apresentando um crescimento de 32% na comparação com as aquisições realizadas no primeiro quadrimestre do ano passado.
Ao destacar que os cafés brasileiros são os mais consumidos em todo mundo, ele explicou que o fato se deve à diversidade, à sustentabilidade e aos investimentos em pesquisa e tecnologia realizados pelo país ao longo das últimas décadas, os quais permitiram que a nação reduzisse em 55% a área destinada à atividade cafeeira, mas ampliasse em mais de 400% sua produtividade.

“Cultivada majoritariamente por pequenos produtores, nossa cafeicultura conta com 241 cultivares das variedades arábica e canéfora, com características que atendem aos mais exigentes paladares globais. Além disso, a adoção de boas práticas agrícolas e técnicas descarbonizantes faz com que preservemos cada vez mais o meio ambiente, valorizando o produto e permitindo renda e bem-estar aos atores da cadeia, completando, assim, o tripé socioeconômico ambiental da sustentabilidade”, destaca.
Com o foco do público voltado a critérios ESG e due diligence, Matos apresentou os programas e projetos que o Cecafé desenvolve com foco na governança socioambiental, priorizando temas como biodiversidade, trabalho decente, redução das emissões de carbono na atmosfera, boas práticas agrícolas e rastreabilidade, que visam fomentar ainda mais a competividade dos cafés do Brasil.
Nessa linha, o diretor do Cecafé destacou os programas “Criança do Café na Escola”, que já estruturou 137 laboratórios digitais, com 1.370 computadores para 40 mil crianças, em 95 municípios cafeeiros; “Produtor Informado”, que realiza inclusão digital e fomenta boas práticas agrícolas, envolvendo mais de 7 mil produtores; e “Café Seguro”, que já conscientizou e orientou cerca de 10 mil cafeicultores sobre uso correto de defensivos agrícolas e garantiu cafés que atendam às exigências globais.
Matos enalteceu, ainda, que, conforme levantamento realizado pela entidade, há correlação positiva entre a área cultivada com café e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – que considera longevidade, educação e renda – nessas localidades. Em Minas Gerais, maior Estado produtor do Brasil, por exemplo, quanto maior a área cafeeira, maior o IDHM da população.
Outro ponto de destaque foi o resultado do Projeto Carbono realizado pelo Cecafé, sob condução técnico-científica do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
“Esse trabalho demonstrou que a atividade cafeeira nacional é um ativo fundamental para contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, pois a cafeicultura convencional já é carbono negativo, sequestrando, na biomassa do cafeeiro, 1,63 tonelada de gás carbônico e equivalentes por hectare ao ano. Quando consideramos a adoção de práticas descarbonizantes, o sequestro sobe para 10,5 t CO2eq/ha. Além disso, para cada hectare de café cultivado, há, em média, 50 toneladas de carbono estocados na forma de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente”, detalha.
Conforme o diretor Geral do Cecafé, tanto os projetos desenvolvidos pela entidade, quanto os resultados do Projeto Carbono vêm ao encontro da sinalização mais verde da economia mundial e poderão abrir portas para o Brasil acessar os créditos voltados a atividades que respeitam critérios ESG.
“Além disso, atendem à crescente demanda de indústrias e consumidores por produtos sustentáveis e, por fim, mostram que a adoção das boas práticas se faz vital para atenuar os efeitos climáticos extremos, mitigando impactos econômicos na renda dos produtores”, completa.
Para Matos, a participação do Cecafé no evento na Espanha foi crucial para elucidar a sustentabilidade da cafeicultura brasileira e reforçar que o Brasil é um fornecedor leal em qualidade, sustentabilidade e quantidade.
“O feedback recebido dos presentes foi muito positivo. Pudemos esclarecer muitas dúvidas e, principalmente, evidenciar que temos a cafeicultura mais sustentável e confiável do mundo, atenta aos aspectos contemporâneos sociais, econômicos e ambientais”, conclui.
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