Chuvas voltam a ficar abaixo da média em áreas cafeeiras e Procafé alerta para novo risco de estresse hídrico
Durante as últimas semanas o mercado futuro do café arábica reagiu de certa forma as chuvas observadas no início de 2021, mas as condições climáticas continuam no radar do setor produtivo no país. Após um período de alívio para o estresse hídrico que durou mais de um ano nas principais áreas de produção, a Fundação Procafé alerta para chuvas abaixo do ideal pelo segundo mês consecutivo em áreas no Sul de Minas Gerais, na região de Franca e no Triângulo Mineiro.
De acordo com o relatório da Fundação Procafé, as cidades produtoras que ficaram com volume abaixo da média histórica foram Varginha, Boa Esperança, Muzambinho e Carmo de Minas Gerais. "As regiões de Varginha, Carmo de Minas e Muzambinho reduziram o armazenamento médio que está na ordem 45mm, e Boa Esperança já se encontra em déficit hídrico na ordem de 14mm", afirma o documento.
No mês de março, o volume de chuva já chamava atenção dos pesquisadores quando apenas a região Muzambinho teve volumes acima da média. " As quatro regiões estavam com armazenamento médio em torno de 70 mm no final de março, e somente em Muzambinho houve um excedente hídrico na ordem de 100 mm. O produtor irrigante deve ficar atento e acompanhar as precipitações de abril, caso necessário, fazer uma suplementação com a irrigação", destacou o Procafé na época.
Rodrigo Naves Paiva, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé destaca ao Notícias Agrícolas que os volumes abaixo da média trazem sim certa preocupação, apesar de ainda não ser possível mensurar possíveis impactos na produção do ano que vem. Vale lembrar que as chuvas observadas entre o final do ano passado e início de 2022 trouxeram ao mercado a expectativa de uma possível recuperação na produção de arábica na safra futura.
"Isso começa acender um sinal porque a gente vem de dois anos consecutivos de seca, 2020 e 2021, ainda é cedo para falar porque ainda tem muita coisa para acontecer, mas com relação a precipitação, sim, está abaixo da média e consequentemente as temperaturas estão acima. Algumas regiões no Sul de Minas, Araguarí, Boa Esperança e Varginha encontra-se em déficit hídrico", afirma.
Segundo o especialista a preocupação daqui pra frente é justamente com o período mais seco que se aproxima com a chegada do inverno no Brasil. "Então se evapotranspiração continuar normal, possivelmente a gente vai chegar em agosto com déficit hídrico novamente. No momento essa é a condição", afirma Rodrigo.
Na região da Mogiana o Procafé destacou que e, as precipitações ficaram abaixo da média histórica para a região de Franca, reduzindo o armazenamento para 47mm. Em Franca a temperatura média ficou (0,4°C) acima da média esperada.
Já para área do Triângulo Mineiro, a Fundação destacou volume abaixo da média nas áreas de Araxá, Patrocínio e Araguarí. "A caixa de água dos solos para
Araxá e Patrocínio ainda está adequada, sem configurar déficits hídricos. Porém, para Araguari, já há déficit de 82mm. Não há necessidade de reposição das chuvas com irrigação para Araxá e Patrocínio, mas é necessário que os cafeicultores irrigantes de Araguari façam a reposição das lâminas de irrigação em suas lavouras", afirma o relatório.
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